Vítor E. Silva Souza

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Curriculum Vitae (CNPq Lattes) Google Scholar

De 21 a 24 de julho de 2025 participei do 45º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2023), em Maceió, AL. 

Tenho o costume de escrever breves resumos das apresentações que assisti (de modo a me forçar a prestar atenção às apresentações e para tentar compartilhar o conhecimento com outros), vide 2024, 2023, 2022, 2019 e 2018 (rolou um hiato durante a pandemia).

O CSBC é composto por vários eventos que ocorrem em paralelo e neste ano participei dos eventos relacionados ao meu papel como Secretário Regional da SBC no ES e também, como de costume, acompanhando as pautas da pós-graduação por conta da minha participação no PPGI/UFES e em comissões da CAPES.

Fórum da Pós-Graduação

(Segunda-feira, 21/07/2025)

O Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação e Computação no Brasil (Fórum PG) é parte da Diretoria de Educação da SBC e se reúne anualmente no CSBC. O coordenador do Fórum, Rafael Kunst iniciou a reunião apresentando a agenda do dia, que seria dominada principalmente pela Avaliação Quadrienal da CAPES, com outros dois temas e a costumeira eleição da próxima coordenação do Fórum. A atividade aconteceu em duas sessões, uma pela manhã e outra de tarde, após o SECOMU.

Fala do CA-C/CAPES

Avelino Zorzo (coordenador de área da Computação na CAPES) fez uma apresentação dos desafios do período 2021-2024, como um retorno à comunidade. Iniciou agradecendo ao trabalho dos coordenadores de pós-graduação, dos coordenadores de área atuais e os que os antecederam e todos os que apoiaram e apoiam a Avaliação Quadrienal.

Focou em 7 pontos que o CA-C tinha se proposto a fazer no início da gestão: foco na formação, fortalecimento da área, transformação de conhecimento para a sociedade, amadurecer a avaliação qualitativa, excelência nacional e internacional, melhorar a transparência, mestrado profissional em rede.

  • Foco na formação: destacou visitas aos programas e que em cada visita bateu na tecla de focar mais em formação e menos no Qualis; na avaliação qualitativa da produção; a classificação de produtos técnicos, tecnológicos e livros. Mencionou que faltou discutir com a comunidade o foco na produção com discentes nos programas;
  • Fortalecimento da área: falou do programa PRAPG (R$ 1 milhão para 6 programas e visitas); expansão com programas novos para regiões com assimetrias regionais; abertura de doutorados. Não conseguiram atacar a questão de mobilidade nacional;
  • Transformação do conhecimento: repetiu sobre a avaliação qualitativa da produção técnica, que será enfatizada na próxima quadrienal, com estratificação; da inclusão dos casos de impacto, que foi trazido pela Computação para a avaliação da CAPES e será levado para todas as áreas, será criado um formulário para descrição mais precisa. Ressaltou que a área não pode esquecer da ciência básica, do incentivo para projetos com a indústria e com impacto na sociedade;
  • Amadurecer a avaliação qualitativa: trabalho realizado pelo Fórum PG, que foi usado para criar o Documento de Área 2025-2028, que prevê para a próxima quadrienal não avaliar produção total, apenas 4N (talvez ainda tenha alguma avaliação quantitativa para olhar os alunos, mas o foco serão as 4N), fazer avaliação de livros, avaliação qualitativa da produção técnica com estratificação e os casos de impacto;
  • Excelência nacional e internacional: primeira tentativa de escrever o que é um programa nota 3, 4, 5, 6 e 7 e de entender o que é excelência nacional e internacional. A CAPES mudou o entendimento (decisão do CTC) que o programa 6 não precisa mais ser de excelência internacional; tendo excelência nacional com alguns pontos de nível internacional é suficiente para ser nota 6. Isto deve afetar a área nas próximas avaliações;
  • Melhorar a transparência: destacou o compartilhamento de informações com a SBC, mas que poderia ser melhor, em particular tentando usar ferramentas que já estão disponíveis, como o APOEMA;
  • Mestrado profissional em rede: um grande desafio e uma mudança de paradigma na área, levar a Computação para a Educação Básica. Se nós não tomássemos a frente, outras sociedades iriam fazer, com propostas que certamente teriam muitas críticas da nossa comunidade. Dá muito trabalho, mas é de extrema importância, então pediu apoio de todos ao programa em rede que foi formado.

Na sequência, falou brevemente da Avaliação 2025-2028, mencionando o desafio de fazer “duas quadrienais em uma”, pois os documentos da quadrienal seguinte tiveram que ser preparados agora devido ao acordo com o MPF. Impactaram também no trabalho deste período a pandemia (da COVID-19) e uma “pandemia de gestão”.

Passou então para os desafios para 2025-2028: é preciso fazer uma discussão sobre o uso de IA em formação, produção, impacto e governança. Convocou o Fórum a fazer esta discussão para o futuro. Teresa mencionou que participou da elaboração de um documento sobre o uso da IA em conjunto com a SBC, que deve ser publicado em breve.

Prosseguiu a apresentação focando nas quadrienais: 2021-2024 e 2025-2028. Começando com a atual, ressaltou o processo de formação da comissão que faz a avaliação (mais de 1.000 consultores em todas as áreas), que na Computação leva em consideração diversos aspectos, como nota do PPG, região, áreas de atuação e gênero. 

Apresentou as etapas da avaliação, que envolvem preparação (Qualis, indicadores, etc.), avaliação qualitativa prévia, a avaliação quadrienal em si, aprovação no CTC, pedidos de reconsideração, análise e encerramento no CTC. Destacou a importância de fazer a avaliação qualitativa previamente sem os números dos programas, que são apresentados aos consultores apenas na avaliação quadrienal, depois de já se ter uma tendência de nota feita previamente na qualitativa. Destacou também que os indicadores quantitativos são observados em diversas dimensões. Apresentou também a tabela de conceitos x notas.

Passou para a nova quadrienal (2025-2028), ressaltando a importância de conhecer todos os documentos da área. Apresentou a nova ficha de avaliação, similar à anterior, mas com algumas mudanças: destacou no item 1 (Programa) a parte de planejamento e autoavaliação, que terão um peso maior, e a avaliação dos docentes agora incorporada no item 1.

Apresentou então o novo documento de área:

  • Na Seção 1 deu destaque para: diferentes formas de demonstrar os conhecimentos básicos em Computação para além de disciplinas obrigatórias; maior importância de se apresentar metas e resultados dos planejamentos estratégicos; peso maior dos quesitos de planejamento e autoavaliação, que devem estar alinhados; inclusão da recomendação de número máximo de orientados (8, 12); esclarecimento dos limites de PPJ e PPS; visão da área sobre modalidade de ensino à distância (não recomendado pela área, porém OK para um programa já estabelecido com excelência); importância da interação com arranjos produtivos, projetos com empresas e transformação de conhecimento em produtos para os programas profissionais, sem esquecer que ainda é um programa stricto sensu; presença de textos que vieram diretamente da CAPES, em particular sobre proibição de disciplinas remotas assíncronas;
  • Na Seção 2 (sugeriu ler com cuidado pois muita coisa mudou), destaque para a visão do que é um aluno de pós-graduação (perfil do egresso); análise apenas das melhores produções (4N, que poderá indicar inclusive artigos não publicados, por exemplo em bases abertas); exclusão do limite 3:1 conferência: periódico; procedimento 2 da CAPES para avaliação de artigos (ainda teremos estratificação, para 5% dos melhores artigos será usado o indicador FCWI que mede o impacto do artigo no veículo onde foi publicado); encorajamento à Ciência Aberta;
  • Na Seção 3 (impacto), destacou a importância do alinhamento aos ODSs da ONU (já era valorizado nos documentos anteriores, a CAPES está aumentando a importância disso — existiu até uma discussão sobre “não poder ser Nota 6 ou 7 sem esse alinhamento”) e aos Grandes Desafios da Computação (os da SBC são um bom ponto de partida); importância da popularização da ciência, em particular divulgações voltadas à Educação Básica;
  • Na Seção 4, formalizar que programas de excelência devem ter ao menos 15 docentes permanentes;
  • Na Seção 5 (equidade, assimetrias, diversidade), texto importante, vindo da CAPES, fundamental programas de excelência terem nucleação e solidariedade;
  • Na Seção 6 (alteração dos programas), incentivo a fusões, desincentivo a fragmentações;
  • Na Seção 7, a visão da área sobre o que são programas nota 3-7.
    • Nota 3: recém criado, não deve repetir essa nota mais de 2 vezes;
    • Nota 4: programas consolidados, funcionando bem, não há pressão para subir de nota, se o programa não quiser. Podem pedir APCN para doutorado;
    • Nota 5: programas consolidados em formação de mestres e também de doutores, reconhecimento nacional, iniciando internacionalização;
    • Notas 6 e 7: referência nacional e comparáveis com os melhores programas internacionais.

Recomentou um documento da CAPES para estudo por todos: Diretrizes Comuns da Avaliação de Permanência dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu.

Ao final de sua apresentação, seguiu-se uma sessão de perguntas, que foi retomada ao final do dia na segunda sessão do Fórum PG, após o SECOMU:

Perguntas:

  • Como são avaliadas as colaborações entre instituições (ex.: publicação com aluno de outra instituição)? R: de forma qualitativa, colaborações são bem vistas, dependência de outro programa não;
  • Como a coordenação de área está vendo o crescimento da área da Computação? R: isso será detalhado na reunião com CNPq e CAPES na quarta-feira. Tivemos alguns índices piores e outros melhores comparados com nós mesmos. Comparados com outras áreas, têm muitas áreas também sofrendo com as duas pandemias (e uma começou em 2016). Altigran destacou impacto na sociedade, que evoluímos tanto em relação a nós mesmos quanto a outras áreas;
  • Em relação às 4N, continuaremos a inserir tudo na Sucupira além de indicar os 4N? R: sim, continuar a inserir tudo, pois queremos ver como os alunos estão publicando. Aproveitando pra pedir — não coloquem resumos e resumos estendidos (já foi falado em outras quadrienais);
  • Em relação ao ensino híbrido, o que exatamente é considerado ou não pela área? R: o que é claro é que 100% remoto não pode, e a CAPES não quer dizer qual o percentual de presencialidade, depende de cada situação. Sugeriu que o Fórum discuta isso;
  • Sobre mecanismos de solidariedade, a expectativa de que os programas de excelência tenham esses mecanismos não está explícita nos documentos de área, o que é esperado especificamente? R: há um documento separado sobre o assunto que é citado pelo novo documento de área. Projetos com impacto, contribuições com organizações (SBC, CAPES, etc.), existem diversas formas… Sugere-se olhar os relatos dos programas de excelência para ver outros exemplos;
  • Existem mecanismos para indução à atuação junto à graduação (atrair talentos para a pós-graduação)? R: a avaliação induz, mas os programas não podem deixar de inovar para fazer só o que a avaliação propõe. Atenção também aos “valoriza-se”, que não são obrigatórios mas se os programas fazem, devem relatar. O item 2.5 da ficha atual menciona a atuação na graduação. Importante olhar não só para as nossas graduações (dentro da própria instituição) mas também para outras, inclusive nos países da América Latina (considerando as mudanças nos EUA por exemplo, é uma oportunidade para o Brasil atrair estudantes estrangeiros);
  • Há indicadores sobre transdisciplinaridade e interdisciplinaridade? R: não comentou durante a apresentação, mas há uma seção sobre isso sim no novo documento de área. A Computação é a segunda área mais interdisciplinar, perdendo apenas para a área Interdisciplinar;
  • A informação é que os novos editais não focarão mais nos APCNs, mas há a demanda de programas nota 4 sem doutorado submeter uma APCN para o doutorado. Vão haver editais específicos para estes casos? R: a princípio os editais serão todos universais. Há uma iniciativa (Agenda Nacional) de ter dados para subsidiar editais específicos para demandas regionais, mas ainda se está levantando os dados;
  • Como a nova metodologia de avaliação dos artigos de periódicos será aplicada a programas recém-criados? R: se o PPG novo fizer tudo que prometeu na APCN sem mudar a estrutura (sem descaracterizá-la), receberá Nota 3. Na primeira avaliação os indicadores são relevados, eles são avaliados por outra ótica;
  • Qual será o índice aplicado aos eventos na nova metodologia? R: devem ser avaliados do mesmo jeito que se vem fazendo, com o indicador H5 e as características estabelecidas pela Comissão de Eventos (ex.: submissão de artigo completo, 30 dias entre submissão e notificação de aceite para conferências, 15 para workshops, dentre outras). Deve apenas sair uma recomendação no relatório para que seja revista a indução feita pelas CEs da SBC, pois algumas estão fazendo recomendações atípicas, “gamificando” a indução;
  • A mudança na avaliação em que outras coisas que não artigos publicados e de avaliar apenas os 4N pode mudar a cultura de publicar em periódicos, que foi criada a partir de mudanças na avaliação que induziram esta cultura há alguns anos? R: é difícil dizer, mas é provável que não, pois há outros atrativos para a publicação em periódicos (ex.: em eventos há o custo de ir apresentar o artigo que pode ser maior do que o custo de alguns periódicos);
  • Universidades que possuem múltiplos campi no interior têm dificuldades em agregar docentes dos vários campi por conta da exigência da presencialidade, não seria possível aproveitar o ensino remoto nestes casos? R: não há uma resposta precisa, mas a princípio em programas que são propostos como multi-campi não haveria problema lançar mão de recursos remotos. Mas é diferente quando o programa não é proposto assim e está se tornando multi-campi sem planejamento;
  • Sobre publicações em periódicos, um pedido de reforçar os acordos com as editoras por conta do custo de publicação. R: a CAPES vem fazendo acordos transformativos com várias editoras (IEEE, Springer, Elsevier, Wiley), inclusive o da ACM que estava mais complicado está próximo de ser assinado. A CAPES gasta mais de R$ 1 bilhão com as editoras, por isso a importância de valorizar a SOL da SBC. Temos que brigar para que o Governo invista nestas editoras das sociedades científicas como a SBC.

Avelino ressaltou a importância de se conversar, insistir e disseminar ideias como esta até que surjam projetos e aquilo vai se tornando realidade. Foram muitos anos batendo na tecla da Computação na Educação Básica até que se tornou uma realidade.

Comissão de Educação e POSCOMP

Cláudia Motta (atual Diretora de Educação da SBC) e Rodrigo Duran (Diretor de Educação eleito assume a partir da Assembleia na quinta-feira) fizeram uma fala sobre a diretoria, da qual o Fórum PG faz parte. Cláudia mencionou ainda outras atribuições da diretoria, como o CQ, o WEI, discussões sobre classificações de áreas no MEC, etc. A diretoria trabalha com uma Comissão de Educação, da qual o coordenador do Fórum PG faz parte, para todos estes trabalhos.

Rodrigo se apresentou rapidamente, mencionando que já vem fazendo parte da Comissão de Educação há alguns anos e da importância da interação com o Fórum PG.

Passou-se a palavra então para Sergio Serra (UFRJ) falar sobre o POSCOMP. Destacou que o exame é organizado pela SBC e executado pela FUNDATEC, o edital do exame deste ano vem sendo divulgado (inscrições se encerrando no dia seguinte ao Fórum), o exame tem 70 questões de múltipla escolha, divididas em 3 áreas e em 5 níveis de dificuldade. A prova é online, com duração de 4 horas. 

Trouxe números atualizados em 11/07: 1713 inscrições (1092 homologadas), vem crescendo o número de inscritos (494, 726, 1003 nos últimos 3 anos). Ressaltou a importância do exame e que a comunidade (em especial o Fórum PG) se aproprie, contribua com sugestões, pense estratégias e discuta aprimoramentos junto da Comissão de Educação.

Cláudia destacou em seguida que a Diretoria de Educação espera o retorno dos PPGs à pesquisa sobre o POSCOMP, para que isso direcione ações relativas ao exame. Destacou por fim a organização dos Grandes Desafios da Educação em Computação, que serão apresentados no SECOMU na terça-feira.

APOEMA

Adenilso Simão (USP) apresentou o APOEMA – Sistema de Apoio Estratégico à Medição e Análise da Pós-Graduação, uma iniciativa sua iniciada à época em que foi coordenador do Fórum PG, que aproveita uma característica muito importante da Plataforma Sucupira, que é a disponibilização dos dados. O sistema, que foi criado pra analisar os dados do PPG que Adenilso faz parte, cresceu para todos os PPGs em Computação e posteriormente, ao assumir o cargo de Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação, cresceu também pra analisar outras áreas.

O APOEMA fica em https://sistemas.prpg.usp.br/apoema-pg/. Adenilso abriu o sistema e demonstrou uma série de visualizações de dados agregados dos dados da Plataforma Sucupira. O sistema no momento agrega nas visualizações apenas programas da mesma área e permite indicar quais anos se quer incluir e que programas se quer destacar nos gráficos.

Para acessar o sistema, solicita-se um token informando seu e-mail. O token é fornecido gratuitamente e você pode acessar o sistema a partir dele. Ao acessar, você escolhe a área, os programas e os anos e pede para gerar o relatório. Há uma funcionalidade em teste para considerar 2 PPGs como se fossem um só, fundido. Caso seja um relatório que já foi gerado por alguém, busca-se do cache, do contrário entra numa fila para gerar novos relatórios. Após gerado, o link do relatório pode ser compartilhado e acessado mesmo por quem não possui um token.

Adenilso disse que a comunidade pode contribuir com novas ideias de gráficos para serem gerados. Estão atualmente trabalhando em uma funcionalidade para personalizar os relatórios e no uso de IA para essa personalização.

Perguntas:

  • As pessoas tem usado o APOEMA para que? R: na USP foi usado no contexto da avaliação, para os PPGs poderem se auto-avaliarem.
  • Os dados ficam disponíveis após envio para a Sucupira, então sempre a posteriori. Seria possível fazer algo ao longo da quadrienal? R: é possível pegar anualmente após os prazos da CAPES, mas mais que isso é muito difícil por conta da característica de cada programa (quando ele atualiza a Sucupira). Então optou-se por usar apenas os dados homologadas pela pró-reitoria da instituição;
  • Como a promessa de uma API do Sucupira poderia ajudar? R: o que está sendo prometido é uma API para envio de dados à Sucupira, não para obtenção dos dados. Há um projeto de uso direto dos dados da Sucupira, mas está em andamento.

Reunião das Comissões Especiais

(Terça-feira, 22/07/2025)

Denis do Rosário (Diretor de Eventos e Comissões Especiais) iniciou a reunião das Comissões Especiais (CEs) apresentando a agenda do dia e alguns lembretes gerais: 

  • Cuidado com o uso de imagens que não são de uso público ou autorizado nos sites dos eventos para evitar cobranças e processos;
  • O novo site da SBC está atualizado com relação à lista de eventos da SBC e dos eventos mais importantes da área (aquela lista compartilhada com a CAPES);
  • Incluir o código de ética, de conduta de autores e da SOL nas chamadas de trabalho dos eventos; 
  • Evitar realizar muitos eventos nas mesmas datas para não sobrecarregar a sede.

Fala da ACM

Passou a palavra para o prof. Yannis Ioannidis (presidente da ACM), que fez uma apresentação sobre a ACM. Começou apresentando a missão da ACM, ressaltando seu aspecto global e sua atuação para além da pesquisa, também em engenharia e aplicação. Enfatizou também sua ação na área de educação (com a elaboração de currículos) e ética (ressaltando o Código de Ética da ACM, que foi adotado pela SBC bem como outras associações).

Falou um pouco da estrutura da ACM, com grupos temáticos (Special Interest Group – SIG) e sociais (Women) bem como divisões geográficas. A ACM vem elaborando um novo modelo de associação a ser divulgado em breve. Apresentou rapidamente a lista de SIGs e de corpos permanentes. Falou da participação da ACM no grupo Ff4D (Fair Finance for Development) da ONU. Falou também de algumas força-tarefa da ACM, ressaltando que as mais populares em termos de interesse dos voluntários são as ligadas aos aspectos sociais, apesar de ser uma sociedade sobre Computação, o que é bastante interessante.

Falou do seu calendário de visita a diferentes conferências, incluindo as 13 maiores conferências da ACM, mas também outras, com destaque para sua participação no CSBC, que está sendo muito proveitosa para ele.

Passou a falar sobre acesso aberto da ACM, que vem planejando abrir todos os artigos e materiais suplementares a partir de 2026, movendo a barreira de pagamento (paywall) dos leitores para os autores, porém com um plano de transição de 3 anos (aumentando o custo pouco a pouco) e tentando acordos com instituições ou países para cobrir os custos, bem como waivers para países em situações mais vulneráveis. Mencionou o acordo da ACM com a CAPES que está em vias de ser assinado e liberará os autores do pagamento.

Por fim falou das relações internacionais da ACM, que incluem parcerias com a SBC, mas que precisam ser incrementadas. Nessas relações, ressaltou a importância da confiança.

Fala das Diretorias da SBC

Após a fala do presidente da ACM, a presidente da SBC, Thais Batista, falou da importância das Comissões Especiais e da visão de que todos fazem parte da SBC (“a SBC somos nós”) e da importância de se sentir pertencendo a um trabalho conjunto para avançar a Computação no Brasil. Recomendou também a leitura do Manual das CEs, publicado recentemente na SOL, não só pelos coordenadores das CEs mas também pelos grupos gestores.

Se seguiram falas dos diretores da SBC, começando com José Viterbo Filho (Diretor de Publicações), que anunciou que a SOL atingiu a marca de 30 mil publicações e está disponibilizando um servidor de pre-prints para os associados (preprints-sol.sbc.org.br). Mostrou a distribuição de artigos por ano de publicação, mencionando também os esforços de publicação de edições de eventos anteriores ao surgimento da SOL (resgate histórico). Falou do JBCS, que completa 31 anos, ao que Altigran Silva (um dos editores) comentou que vem sendo procurado pelos eventos para edições especiais, o que é muito legal, de que o JBCS está precisando muito de revisores e agradece o apoio recebido. A editora da RBIE mencionou que passa por questões similares. 

Viterbo prosseguiu falando da mudança nos editores também da REIC, também disponível para publicações e edições especiais, ao que Célia Ralha (UnB), uma das editoras, convidou a todos a divulgarem a revista a estudantes de graduação e considerar a submissão de artigos para publicação nessa revista de acesso aberto da SBC. Viterbo falou ainda da indexação do JIS na SCOPUS, primeiro periódico da SBC indexado lá; que vem trabalhando com a CE de Engenharia de Software para indexação dos anais do CBSoft para abrir mais essa porta; que há um novo periódico da SBC mantido pela CE de Computação Aplicada à Saúde; que a SBC fez visitas à CAPES e CNPq para falar da SOL e de Ciência Aberta. Foi comentado que causou uma ótima impressão ao presidente do CNPq, que volta e meia cita a SOL como um bom exemplo.

Na sequência, Avelino Zorzo (coordenador do CA-C/CAPES) pediu a palavra para falar da importância de se criar a lista de eventos mais relevantes de cada CE não para a CAPES mas para a comunidade, evitando casos questionáveis como indicar eventos não porque são os melhores, mas porque se quer aumentar seu Qualis, deixando de indicar os melhores eventos que já possuem um bom Qualis. Isso prejudica a área na CAPES, que pode ser questionada em relação à avaliação de eventos e pode levar até ao CA-C/CAPES passar a desconsiderar a lista na avaliação (não mais fazer a indução a partir das listas). Além disso, sugeriu discutir a lista com a comunidade para que reflita a visão do coletivo. Concluiu agradecendo pelo trabalho das CEs na construção destas listas.

Em seguida, Alírio Santos de Sá (Diretor de Comunicação) apresentou a equipe de comunicação da sede e falou de ações da diretoria em relação a eventos, como a ajuda na preparação do enxoval dos eventos e a divulgação dos eventos (pediu que lembrassem de marcar o perfil da SBC quando divulgassem eventos no Instagram). Alírio apresentou números da comunicação no último ano: +8,8 mil seguidores, 124 mil usuários ativos no site, +2.000 publicações nas redes sociais, 57 matérias e notas no site, 52 boletins digitais. Pediu que sempre que houvesse algo passível de divulgação pelos eventos e periódicos, enviar para a equipe da sede. Solicitou também artigos que possam ser publicados na SBC Horizontes.

Então, Francisco “Chico” Dantas (Diretor de Finanças) fez uma fala para reforçar a fala anterior de Thais sobre sermos todos partes inseparáveis de um todo, demonstrando preocupação de falas como “a SBC tem dinheiro, não deveríamos ter que pagar isso ou aquilo”. Comentou então sobre receitas e despesas da SBC, que é uma associação que não visa lucro, demonstrando que não há superávit nessa relação entre receitas e despesas. Importante entender o modelo de sustentabilidade da SBC, para contribuir com ele. Comentou sobre ações recorrentes, como acompanhamento dos aspectos financeiros do PROFCOMP, além da análise e aprovação de demandas das CEs e Secretarias Regionais. Neste contexto, falou de uma nova proposta de se trabalhar uma peça orçamentária para maior organização das despesas da SBC, a ser avaliado (um estudo piloto) para ver se a SBC consegue se adequar. Para isso, todos serão chamados a contribuir.

Thais pediu a palavra para mencionar que foi buscar o propósito dos caixas das Comissões Especiais, que foram criados para: (1) adiantar recursos para organizadores dos eventos da CE para despesas iniciais, a serem devolvidos posteriormente; (2) cobrir eventuais resultados negativos de eventos da CE. É importante ter estes propósitos em mente, pois algumas CEs começaram a usar o saldo para outros propósitos e deve-se avaliar com cuidado se isso não está reduzindo o saldo das CEs de modo insustentável. Falou também que foi criado um GT para melhorar a comunicação da sede/diretoria com as CEs.

Após as falas, foram feitos alguns comentários sobre a comunicação da sede/diretoria com as CEs, em particular com relação a pedidos de contratação de estagiários de algumas CEs que não houve retorno e a certas negativas de uso de saldo de CE. Reconheceu-se que houve falhas de comunicação e as situações foram explicadas por Chico e por Thais.

A seguir, estava prevista a fala de Ronaldo Ferreira (Diretor de Cooperação com Sociedades Científicas), no entanto devido a compromissos ao meio-dia precisei sair da sessão. Perguntando a colegas, soube que foi conversado sobre a anuidade da SBC na IFIP, que seria dividida entre as CEs que possuem saldo suficiente para contribuir.

Reunião das Secretarias Regionais

(Quarta-feira, 23/07/2025)

Eunice Nunes (Diretora de Secretarias Regionais) iniciou a reunião dando as boas-vindas, agradecendo a presença dos Secretários Regionais (SRs) e apresentando a pauta. Iniciou com alguns informes:

  • Importância de se escrever e enviar o plano de ações, que indica o que será feito pela Secretaria Regional (SR) no ano/biênio seguinte e muitos SRs não entregam o plano. Aqueles que estiverem terminando o mandato podem fazer o plano até o fim deste período;
  • Importante também entregar os relatórios anuais via ROS (sistema das secretarias regionais). É importante incluir as ações realizadas, desafios, número de pessoas envolvidas, etc. As informações são levadas para o relatório anual da SBC e são usadas pela Diretoria/Conselho para discutir estratégias para as SRs;
  • Sugeriu aproveitar a exigência de 10% de extensão nos cursos para envolver os Representantes Institucionais (RI) e Representantes Estudantis (REs) em um projeto de extensão sobre a Secretaria Regional;
  • Lembrou que a SBC enviará certificados ao fim dos mandatos dos SRs, RIs e REs, portanto importante enviar um e-mail para a sede informando a substituição e pedir para providenciar o certificado. Será enviado ao SR, que pode usar a estratégia que quiser para a entrega;
  • Foi feita atualização dos manuais SR, RI e RE. As páginas iniciais têm um texto em comum para entender a estrutura organizacional da SBC, depois entra em mais detalhes no papel de cada um. Sugeriu aos SRs a leitura de todos os manuais e no caso de dúvidas encaminhar à diretora e à sede;
  • Destacou a questão do Estudante Destaque, que poucas instituições solicitam e é um momento para divulgar a SBC para dentro e fora da universidade, pela entrega ser feita na cerimônia de colação de grau. A solicitação pode ser feita também pelo coordenador de curso, cabendo ao SR ou ao RI instruí-lo;
  • A Semana da SBC ficou definida este ano para 25 a 29/08. Sugeriu realização de palestra temática, apresentação da SBC, envolvimento dos projetos parceiros do Meninas Digitais, alguma atividade de pelo menos um dia. Caso o calendário da instituição não seja favorável (ex.: recesso) pode ser alguma atividade online. Será organizada uma palestra online em nível nacional para uma abertura oficial da semana (provavelmente 25/08, horário ainda a definir, sugestão de horário noturno), os SRs serão consultados sobre o tema a ser abordado na semana que vem. Também será criado um outro formulário para que os SRs enviem os registros do que foi desenvolvido naquela semana;
  • Vamos manter a prática de realizar reuniões online com os SRs. Pretende-se também fazer uma reunião geral incluindo os RIs e REs em que será apresentado o papel da SBC, das SRs, dos RIs/REs e da importância desse trabalho distribuído;
  • Lembrar de toda ação utilizar a marca da SBC, seguir as regras da equipe de comunicação da SBC (entrando em contato em caso de dúvidas), sugeriu criar um perfil de Instagram da SR.

Sobre Comunicação, passou a palavra para o Wangles, da equipe da sede, lembrou que o e-mail comunicacao@sbc.org.br pode ser usado para entrar em contato com ele para divulgação de ações das SRs, que é feito por vários canais (ex.: newsletter, Instagram, LinkedIn, etc.). Pra se ter uma ideia do interesse, uma publicação sobre Estudante Destaque é a que teve mais engajamento no Instagram nos últimos quatro anos. A equipe da sede pode trabalhar num padrão para os perfis de Instagram das SRs. Lembrar de marcar o perfil da SBC em toda divulgação.

A palavra foi passada para Jessica, que explicou sobre a ideia de imprimir cartazes indicando que há um ponto de referência da SBC em cada instituição. Foi feito um piloto com os SRs e incluída uma impressão A4 no material entregue a cada SR durante a reunião, que o SR pode afixar próximo da sua sala. O material também será usado nas redes sociais.

Eunice prosseguiu apresentando números das SRs (25 SRs, 16 SRs adjuntos, 245 RIs, 43 REs), pedindo que as SRs que não possuem SR adjunto procurem ocupar essa posição com uma pessoa parceira, preferencialmente de outra instituição. Atualizem os RIs constantemente, tentando motivar ou substituindo aqueles que não mais respondem. Tentem também envolver os estudantes como REs.

Sobre Escolas Regionais, de julho 2024 a julho 2025 foram realizadas 15 escolas, incluindo as temáticas. As exclusivamente regionais foram cinco, em GO, MT, Norte 2, CE/MA/PI e ES. Pediram o esforço das SRs para realização das ERIs, dada sua importância, tentando envolver outras pessoas no estado para não sobrecarregar apenas o SR na organização.

Apresentou também um gráfico com o número de associados por SR, para um diagnóstico e motivação para aumentar o número de associados. Mencionou algumas estratégias para aumentar o número de associados:

  • Realização das ERIs e outros eventos da SBC;
  • Acordo com universidades, IFs e secretarias estaduais para filiação institucional;
  • Aproximação com polos de inovação, startups e empresas regionais para ampliar o engajamento para além do setor acadêmico;
  • Criação de uma série “Capítulos Estudantis SBC” (pode ser um projeto de extensão), incentivando organização de seminários, grupos de estudo, atividades extensionistas, produzindo ebooks com esse material;
  • Fomentar que as SRs criem o perfil nas redes sociais;
  • Criar um calendário fixo anual de eventos curtos e temáticos, ex.: “SBC na estrada” — minicursos online promovidos pelas regionais com professores e profissionais locais; ciclos de palestras interinstitucionais mensais; oficinas regionais de formação docente, envolvendo secretarias municipais/estaduais; eventos de recepção a calouros e estudantes de pós, com sorteio de brindes;
  • Identificação de programas estaduais de letramento digital e propor parceria com a SBC como entidade consultiva, formadora ou certificadora;
  • Mapear todos os cursos de Computação do estado (públicos e privados) e buscar RIs em cada instituição;
  • Criar comissões temáticas regionais com reuniões abertas e relatórios de atuação locais;
  • Estabelecer um “pacto estadual de fortalecimento da Computação” com metas e compromissos conjuntos com instituições de ensino e pesquisa.

Prosseguiu com alguns encaminhamentos vindos da Diretoria da SBC:

  • Norte 1, Norte 2 e Norte 3 serão divididas, com um SR por estado, portanto precisamos de SRs em Roraima, Amapá e Acre;
  • Após isso, o nome das Secretarias Regionais será trocado para Secretarias Estaduais (demanda atualização do Estatuto da SBC);
  • Consolidar um ciclo de “boas práticas regionais”, criando um espaço recorrente (trimestral ou semestral) em que 2-3 regionais apresentem práticas bem-sucedidas e posteriormente publicar um documento anual.

Fala da ACM

prof. Yannis Ioannidis (presidente da ACM) falou também com os SRs. Por problemas técnicos com sua máquina, ele não conseguiu ajustar a apresentação e utilizou os mesmos slides apresentados para as Comissões Especiais na véspera, apenas fazendo alguns destaques que achou importante para os SRs, porém não consegui identificar diferenças na apresentação.

Foi perguntado sobre como engajar pessoas no Brasil que não falam inglês. Yannis explicou que parte das recomendações da força-tarefa de globalização é ser muito mais multi-língua, para alcançar estas pessoas.

Também foi perguntado sobre a força-tarefa de Youthification, pois é um grande desafio. Yannis disse que a força-tarefa ainda não começou, mas que o desafio é entender uma juventude que é muito diferente de quando nós éramos jovens. As motivações são muito diferentes. Uma estratégia é envolver pessoas jovens na própria força-tarefa.

Fala das Diretorias da SBC

Após a fala do presidente da ACM, a presidente da SBC, Thais Batista, falou do esforço junto à CAPES para assinar o acordo com a ACM. Mencionou que na Assembleia irá falar sobre o trabalho da Diretoria dos últimos 2 anos, mas destacou a iniciativa de criar uma Diretoria Extraordinária de TI que vem trabalhando nos sistemas da SBC. Thais falou das questões financeiras da SBC, compartilhando com os SRs as dificuldades que cada vez mais se apresentam.

Thais repetiu o discurso “nós somos a SBC” para os SRs, que representam a capilaridade da SBC nos diversos estados. Agradeceu os SRs por representarem a SBC e incentivou uma participação cada vez mais ativa (seguir os passos de outros SRs que já levaram o CSBC para seus estados por exemplo). Agradeceu também o empenho de Eunice na direção das SRs. Incentivou que cada SR realize a sua ERI para mobilizar estudantes, professores e profissionais nos estados. Destacou também a Semana da SBC.

Rapidamente, Leila Ribeiro (Diretora de Computação na Educação Básica) disse que no contato com secretarias municipais e estaduais as SRs podem contar com sua diretoria para apoiar iniciativas locais de Computação na Educação Básica.

Então, Francisco “Chico” Dantas (Diretor de Finanças) rapidamente falou sobre a peça orçamentária (já falada na reunião com as CEs no dia anterior).

Denis do Rosário (Diretor de Eventos e Comissões Especiais) falou também brevemente sobre a importância do contato dos SRs com as CEs sobre eventos que acontecem nas regionais (inclusive levando em conta a capitalização das SRs via eventos) e da participação dos SRs na divulgação destes eventos.

Em seguida, Alírio Santos de Sá (Diretor de Comunicação) ressaltou a importância de auxiliar nas ações de comunicação (ex.: repassar o Giro SBC) e também incentivou os SRs a aproveitar os canais de comunicação existentes (site, redes sociais, giro semanal, WhatsApp, SBC Horizontes).

Finalmente, Carlos “Carlinhos” Ferreira (Diretor de Competições Científicas) pediu para que os SRs ajudem a incentivar a participação na Maratona e se colocou à disposição para fazer alguma atividade relacionada à Maratona nas ERIs.

Reunião com CAPES e CNPq

(Quarta-feira, 23/07/2025)

Antônio Gomes (Diretor de Avaliação da CAPES) iniciou apresentando a evolução do SNPG de 167 PPGs em 23 municípios em 1973 para 4.659 PPGs em 323 municípios em 2024. Há vários fatores para esta evolução, uma delas a política de dedicar recursos para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (redução de assimetrias). Também é notável a expansão das universidades, dos IFs e a mudança nas fundações de apoio (que hoje são responsáveis por metade do fomento). E isso também acontece graças aos planos (PNPGs, já realizados 7) e avaliações. Falou mais sobre a importância de se trabalhar a questão das assimetrias e de como o SNPG evoluiu de forma robusta nesta questão, crescendo em quantidade e qualidade.

Passou para algumas reflexões sobre oferta, expansão e avaliação dos PPGs, porém de forma geral (não específica para a Computação): Onde estão atuando os egressos da PG? Qual a necessidade de formação de Mestres e Doutores?  Como expandir a oferta de PG? Qual o perfil do egresso e da PG para contribuir com o desenvolvimento do país? Qual o papel indutor da avaliação na PG?

Defendeu que o objetivo inicial de formar docentes/pesquisadores para as universidades vem sendo cumprido com sucesso, mas há muito para expandir na formação para outros setores. Ressaltou o papel da avaliação, pois quando os programas vão se organizar, geralmente utilizam a avaliação como norte. No entanto, no início da apresentação, havia feito uma breve fala sobre como a avaliação deve ser indutora mas não fazer com que os PPGs se guiem apenas por ela. Defendeu ainda que o ingresso na PG deve ser mais flexível, ter um itinerário mais dinâmico e diversificado (a avaliação induziu uma uniformidade nos PPGs), mais investigação e menos disciplinas (formação média atual dos doutores é com 38 anos), maior interação com outros setores (para capturar boas perguntas a serem respondidas).

Relatou como a oferta de PG cresceu de forma quase espontânea, porém precisamos crescer também de forma induzida, articulados com a sociedade. Neste aspecto a CAPES vem trabalhando na análise do perfil da indústria nos estados para que novos editais de criação de programas sejam orientados por temas estratégicos que interessem aos estados, com apoio das FAPs (Agenda Nacional de Formação de RH de alto nível). Há contribuições da área de Computação nesta iniciativa e outras precisarão existir para futuros processos de avaliação.

Avelino Zorzo (Coordenador do CA-C/CAPES) apresentou um pouco do que já havia apresentado ao Fórum PG na segunda-feira. Apresentou números dos APCNs de 2023 e 2024, PAEP (eventos) 2023 a 2025. Apresentou informações sobre a avaliação e sobre a área que também já haviam sido apresentadas na segunda. Em seguida, mostrou números que mostram que estamos abaixo da média da OCDE, alinhado com o discurso do Antônio de que precisamos formar mais mestres e doutores.

Apresentou então um comparativo entre as quadrienais, que mostra que crescemos 12% em número de alunos, porém formamos menos mestres. Aumentou o número de bolsistas PQ/DT e na produção científica aumentou a produção no estrato superior e diminuiu no inferior. Aumentou também a produção (ou o relato) de produção técnica. Mostrou gráficos que demonstram a diminuição de formação de mestres, a recuperação na produção científica após o período da pandemia, uma saturação da produção per capta nos programas 5, 6 e 7 (por volta de 5 A1 / docente / ano) e ressaltou que por conta disso a distinção entre os programas que possuem essas notas tem que ser feita de forma qualitativa.

Finalizou com algumas reflexões: a área alcançou um nível de estabilidade na CAPES; a avaliação está indo cada vez mais de quantitativa para qualitativa, focando nas 4N melhores produções e em casos de impacto/sucesso; deixou no ar a questão de se o impacto do aquecimento da área é positivo ou negativo; necessidade de valorizar a transformação do conhecimento mas sem esquecer a ciência básica; aumento da importância da autoavaliação e planejamento; e questões já colocadas para reflexão do Fórum PG: avanços na educação vs. mudança na sociedade; reflexão sobre uso de IA; e atração de alunos estrangeiros.

Olival Freire Junior (Diretor Científico do CNPq) disse que vem trabalhando em novas ações e reformulação de alguns programas, que seriam o foco de sua fala. Começou falando do programa de bolsas de produtividade, que avançou um pouco na questão da defasagem do número de bolsas (1.500 novas bolsas na gestão atual), introduziu adicional de bancada pra o PQ2, mudou a denominação PQ1-a/b/c/d/PQ2 para um sistema de 3 níveis, introdução da súmula curricular (avaliação qualitativa), realização de uma meta-avaliação para identificar se as mudanças estão surtindo os efeitos desejados.

Passou para o programa Conhecimento Brasil (FNDCT), que trata da diáspora científica brasileira, que não podemos fingir que não existe. Algumas medidas estão em andamento e precisam ser avaliadas: a substituição da obrigatoriedade do retorno dos bolsistas por colaboração com instituições brasileiras e a bolsa de repatriação (599 concedidas). Uma palavra sobre os INCTs, Olival ressaltou a importância do programa, mas devido a algumas críticas é preciso debatê-lo. Se fala que os INCTs estaduais (das FAPs) seriam suficientes, então seria preciso avaliar se a restrição de atuação apenas no estado é ou não limitante.

Sobre novas ações, mencionou o PROFIX, programa de fixação mais robusto, espelhado no de repatriamento, que vai conseguir trabalhar também na questão das assimetrias. Finalizou dizendo que vem prestando atenção no problema da integridade na produção científica, mas não desenvolveu o assunto pela questão do tempo.

Francisco de Carvalho (Coordenador do CA-CC/CNPq) apresentou a formação atual do CA-CC/CNPq e relatou os procedimentos gerais do comitê no julgamento de propostas. Relatou então as várias chamadas que aconteceram ao longo do ano, os recursos aportados e algumas outras características: 

  • ARC: apoio a eventos, mudança interessante que o período de realização dos eventos pode ser nos 2 anos seguintes;
  • Bolsas de produtividade (DT, PQ, SR): destaque para o CNPq alocando 40 bolsas a mais para a área, mostrou números de submetidos e aprovados por gênero, região do país e subárea da Computação, falou de alguns critérios utilizados, como a súmula curricular, formulários estrutura dos, métricas de produção, situações excepcionais, diversidade e inclusão, critérios mínimos de elegibilidade, código de conduta e os pareceres ad-hoc. Pelos números, ficou claro que há questões de assimetria nas concessões das bolsas de produtividade;
  • Universal: destaque para aumento real dos recursos R$ 5 para R$ 11 milhões, resultado ainda pendente;
  • Bolsas no país (BP): apresentou os números.

Perguntas:

  • Preocupação com a defasagem do valor das bolsas, em particular na área da Computação (muitos alunos de pós sem DE), como enfrentar isso? R: não há ainda uma resposta satisfatória, falta um diagnóstico mais preciso do problema (a SBC poderia ajudar nisso) e desconfia-se que não haja uma solução única para o problema. Já houve bolsas com valores diferenciados por área e isso pode voltar. O edital RAI do CNPq é outro caminho. O MAI/DAI é outro. Provavelmente será necessário mais de uma medida. // Se fala muito de diversidade em diversos aspectos, mas há dificuldade de falar de diversidade de oferta ou de valores. Outro ponto que precisa ser discutido é o fomento das bolsas virem de projetos (com empresas por exemplo) e não apenas das agências;
  • A respeito do Coleta, como está o planejamento para o próximo Coleta dada a iniciativa do GoPG (integração via APIs)? R: houve uma mudança conceitual do Coleta, na qual todos os dados que já estão em bases (Lattes, Scopus, IBICT, INPI, etc.) já estão sendo carregados na Sucupira e ficarão visíveis no mais tardar em setembro para todos (não só coordenadores, mas docentes e discentes) fazerem a curadoria dos próprios dados. Recomenda-se que se faça pressão para que as instituições firmem o acordo com a CAPES para migração automática dos dados dos sistemas acadêmicos para a Sucupira. // O GoPG visa mudar o trabalho das coordenações e pró-reitorias, portanto será preciso um pouco de paciência com uma mudança de paradigma, com melhorias ao longo do tempo, visando um grande alívio no trabalho de preenchimento. Pede-se colaboração de todos para alcançarmos esse objetivo (ao invés de lançar pedras em caso de problemas). A visão é ter algo parecido com a declaração de IRPF pré-preenchida que é feita pela Receita Federal;
  • Sobre o percentual de aceite de bolsas menor para mulheres e para algumas regiões, será que não deveria ter uma política de assimetrias também no edital de bolsas de produtividade, similar ao que a CAPES vem fazendo em relação aos PPGs? R: o edital Universal teve uma regra de assimetrias mas não foi necessário aplicá-la (os projetos já eram bons o suficiente). No edital de bolsas não há essa exigência direta no edital, apenas um critério, mas que é considerado apenas após a análise de mérito. // O ponto é sensível e importante. Esforços estão sendo direcionados para o Universal e o PROFIX, que são editais mais de entrada. Por limite orçamentários, editais de primeiro projeto e PRONEM/PRONEX não conseguiram ser lançados mas eles também poderiam lidar com essa questão. Mas precisamos de ações políticas e de dados para tratar essa questão. Os dados de percentual de aprovação feminina precisa ser analisado e tratado;
  • No edital de repatriação tem bolsas atrativas, mas para permanecer em definitivo no Brasil, entrar em concurso público significa reiniciar a carreira, não é hora de repensar essa questão de atração de pesquisadores sênior? R: há um problema de empregabilidade de doutores no país, e ele precisa e vem sendo discutido, mas a discussão esbarra em problemas mais básicos de desenvolvimento econômico do país;
  • O tempo de uso do PROAP é muito curto, para 2025 chegou na semana passada (impactou até a vinda de coordenadores ao Fórum PG) e será recolhido em outubro. Como fazer um PPG funcionar com verba pequena e por apenas 4-5 meses? R: os PPGs não podem ser das instituições apenas nos planos institucionais, mas também nos orçamentos. Os PPGs e instituições não podem trabalhar com o PROAP sendo o único recurso, é preciso ter um plano. Mas a crítica é justa com relação à data de chegada do PROAP, porém isso é devido à data de aprovação do orçamento por parte do Congresso Nacional. Já foi pensado em deixar os coordenadores fazer gestão dos recursos, porém há uma limitação de capacidade de prestação de contas. Dada a situação, sugere-se às instituições e programas adiantarem os processos para poder executar a verba rapidamente.

Seminário de Computação na Universidade (SECOMU)

(Segunda a quarta-feira, 21 a 23/07/2025)

O SECOMU este ano focou nos Grandes Desafios da Computação, com um painel introdutório na segunda-feira, foco na Educação em Computação na terça e na Perspectiva do Governo e da Indústria na quarta.

Grandes Desafios da Computação

Na segunda-feira o painel foi mediado por Flávio Rech Wagner (UFRGS) e teve participação de Yannis Ioannidis (presidente da ACM), Virgílio Almeida (UFMG), Silvio Lemos Meira (UFPE / TDS.company) e Lisandro Zambenedetti Granville (RNP / UFRGS).

Flávio começou retomando o histórico da série Grandes Desafios da Computação, com 4 eventos realizados entre 2006 e 2014 para tratar desta temática. Em novembro de 2024 a SBC decidiu revisitar os grandes desafios, com 18 trabalhos selecionados e 80 participantes. Foram selecionados 6 grandes desafios:

  • Promoção da evolução responsável de IA;
  • Desenvolvimento de tecnologias quânticas;
  • Redução do impacto socioambiental;
  • Desenvolvimento de cibersegurança;
  • Acesso universal e significativo à Internet;
  • Construção de ecossistemas computacionais éticos, inclusivos, interdisciplinares e sustentáveis.

Os desafios foram publicados em um livro que está sendo lançado no evento, contendo o detalhamento em subdesafios; relação com questões socioeconômicas; contribuições de outras áreas do conhecimento; recomendações para o setor público, agências de fomento, setor privado, universidades, sociedades científicas de outras áreas do conhecimento; recomendações para a formação de recursos humanos; e métricas para acompanhamento do sucesso no enfrentamento do desafio.

No painel, então, cada painelista apresentou em 10 minutos sua visão do tema.

Yannis foi o primeiro a dar seu ponto de vista, baseando-se no Triângulo do Conhecimento: Pesquisa, Educação e Inovação (Industrial), mas que são relacionados com outros 2 aspectos: ética e políticas. Na parte de pesquisa, ressaltou que a IA é a maior singularidade que passamos, mesmo comparando com a Internet, Supercomputadores e Computação/Telefonia Móvel. Outros desafios seriam Interação Humano-X (substitua X por várias coisas), Cibersegurança, Computação Quântica, Robótica, Dados e a combinação de IA com outras disciplinas. Este último desafio também é o desafio principal na área de inovação industrial. Na área de educação, elencou a produção de material didático na era da IA, que o ensino vá além do uso no mundo, e como fazer avaliação de estudantes na era da IA. Na área de políticas, os desafios são a regulação do uso de IA, mas sem regular a IA em si; e o fomento para o desenvolvimento do Sul Global pelo Norte Global. Por fim, na parte da ética, sugeriu a adoção do Código de Ética da ACM, e o desafio é responsabilizar-se pelo que é construído. Finalizou lembrando da importância dos ODSs da ONU e alertando sobre grandes ondas de problemas que precisamos lidar, cada uma maior que a anterior: COVID, recessão, mudanças climáticas, mudanças na biodiversidade e guerras.

Na sequência, Lisandro falou na perspectiva da RNP. Do desafio da IA, mencionou que em reuniões da RNP com organizações similares de outros países não há ainda uma proposta sólida mesmo nos países desenvolvidos. Apresentou então um framework que a RNP vem trabalhando, organizado em três pilares: uma IA “administrativa” voltada às tarefas do dia a dia, IA para operação de rede, mais voltada à infraestrutura de redes e serviços, e uma IA habilitadora, voltada aos clientes da RNP. Mencionou fomento já sendo planejado para a construção do framework. No desafio de cibersegurança, a RNP vem trabalhando nessa questão há muitos anos, com o plano atual tendo começado em 2022, com uma estratégia de distribuição em SOCs (Security Operation Centers) para aumentar as competências ao longo do país. No desafio de tecnologias quânticas, que é o desafio mais no início, até pelo estado do desenvolvimento das tecnologias quânticas em si, elencou brevemente algumas iniciativas (grupos de estudo, GTs, apoios pontuais). No desafio do acesso universal à Internet, que toca o cerne da RNP. Lisandro apresentou a conectividade da RNP dentro do Brasil e com o exterior, mencionando projetos atuais nesta área. Finalizou com uma provocação, que todas as entidades de fomento sejam envolvidas numa ação conjunta de contribuição a alguns dos grandes desafios e que se fizesse um mapeamento (uma grande tabela) para dar maior visibilidade.

Em seguida, Virgílio concentrou-se em dois desafios: IA e ecossistemas éticos e sustentáveis, que em comum têm um impacto na questão social, de inclusão, e diversidade, além de impacto ético. Começou indicando que o avanço das tecnologias digitais tem grande potencial para trabalhar os ODSs da ONU, por outro lado vê-se como consequências questões preocupantes como concentração de poder nas big techs, ameaças a soberanias, fake news e echo chambers, privacidade e vigilantismo, armas autônomas, falta de sustentabilidade, dentre outras. Questiona então o que seria a Computação para o Bem Público, que precisa ser discutido para que algumas questões fiquem mais claras. Questionou se nos cursos de Computação estamos educando estudantes socialmente responsáveis, ressaltando a importância de se incluir responsabilidade social e ética nos currículos. O desafio a passar aos estudantes é que não sejam guiados pela tecnologia, mas que a guiem, incentivando a inovação centrada no ser humano. Como ensinar Computação na era da IA é uma pergunta central neste contexto. Os grandes desafios organizadas pela SBC vem em ótimo momento, mas como dar concretude a eles? Criamos ferramentas poderosas, mas hesitamos em definir o papel do humano frente às máquinas; estamos navegando sem metas claras, é urgente definir objetivos mensuráveis e transformadores; estamos formando técnicos, quando deveríamos formar agentes de mudança, visionários; a Computação é uma questão social, política, ética, é hora de tratá-la desta maneira, fugindo da moldura STEM.

Enfim, Silvio arrematou o assunto, tocando nas falas dos colegas que precederam, falando numa velocidade que foi impossível acompanhar e resumir o que foi dito. Consegui registrar apenas o seguinte: estamos vivendo um colapso ontológico, epstemológico e axiológico. 😀

Perguntas:

  • Há uma questão de timing, pois vários problemas já aparecem relacionados aos usos da tecnologia. Onde começar? R: precisamos tentar, errar e aprender ao invés de ser uma casa de repetição. Precisamos implodir os atuais sistemas (de educação, da avaliação da CAPES, da bolsa de produtividade do CNPq, coisas institucionais) e começar de novo. // Ciência e tecnologia são sempre mais rápidas do que os aspectos sociais, agora talvez a distância seja maior, então temos que correr. Talvez colocar o pessoal de tecnologia para trabalhar nas questões sociais. // Por outro lado, não faz sentido achar que o sistema vigente vai acabar e outro vai começar, portanto temos que trabalhar com o sistema vigente. Precisamos fazer parte da mudança. // Cada ciclo de ruptura tecnológica tem ficado mais curto, então o desafio é dar conta disso. Talvez ingenuamente, precisamos trabalhar os princípios. // Discordância sobre os ciclos serem cada vez mais rápidos, talvez não estejamos olhando ou acreditando, mas se discute sobre o que a IA está fazendo agora há uns 50 anos, por exemplo;
  • Além do que foi colocado para os educadores sobre ensinar ao longo do painel, como os estudantes, do outro lado, devem aprender de maneira ética, filtrando os problemas mencionados? R: aprender é um problema complicado, não é só repetição, é incorporar coisas novas com base na sua experiência a partir de fundações que você ainda não tem, e ética é se perguntar se está prejudicando os outros enquanto isso. // É preciso caçar os limites para poder quebrá-los e no caso da Computação os limites estão também em outras áreas, exigindo um trabalho interdisciplinar. // Em primeiro lugar, ler o Código de Ética da ACM. Deveríamos ter uma disciplina de Ética ou um pouco de Ética em cada disciplina? Talvez um pouco de ambos. // Ler também o Código de Ética da SBC, que é baseado no da ACM;
  • Como ACM e outras sociedades podem promover cooperação, que é tão importante diante destes desafios? R: ACM está tentando conectar bastante com a ONU e tentando envolver cientistas em uma rede para contribuir com os ODSs. // Nas reuniões que a RNP teve com outras entidades internacionais percebeu-se uma predisposição para o compartilhamento de dados para benefício global;
  • O uso exacerbado da IA, visto que ela não consegue se retroalimentar, não causaria eventualmente um ponto de parada? O que o regramento deve dizer sobre isso? E o que dizer dos diversos outros problemas? — Solicitou-se também as palavras finais de cada painelista. R: não sabemos ainda o que a IA vai fazer, não há nada de neurosimbólico ainda sendo usado na prática. É preciso fazer mais, experimentar mais. // As novidades vem sempre com muita incerteza, portanto é cada vez mais importante a ciência, a pesquisa, a validação. // Os desafios tecnológicos são impressionantes, mas os sociais são muito maiores. Com o tempo vamos resolvendo, mas precisamos participar, falar com políticos, integrar com cientistas sociais. Há espaço para os mais experientes mas também para os mais jovens e a ACM está à disposição. // O que sempre me moveu quando mais jovem foi a curiosidade tecnológica. A sugestão aos mais jovens é direcionar essa curiosidade também para os aspectos sociais, para além da tecnologia em direções complementares.

Grandes Desafios para Educação em Computação

Na terça-feira o painel teve como tema os Grandes Desafios para Educação em Computação e foi mediado por Cláudia Motta (UFRJ). O painel contou com a participação de Edgar de Britto Lyra Netto (PUC-Rio), Leila Ribeiro (UFRGS), Mariza Ferro (UFF) e Rodrigo Duran (IFB).

Cláudia explicou que os Grandes Desafios da Computação são tratados a cada 10 anos pela SBC e que na última edição a SBC achou importante tratar também dos Grandes Desafios para Educação em Computação. Passou então a palavra para Rodrigo para aprofundar nessa questão, abrindo o painel.

Rodrigo disse que a SBC tem um grande desafio em mãos por conta de algo que ela lutou bastante, que foi a inclusão da Computação na BNCC, aprovando legislação que diz que a partir de 2023, todas as (+179 mil) escolas da Educação Básica precisam incluir o desenvolvimento de habilidades de Computação em seus currículos. No entanto, dada a formação insuficiente de licenciados em Computação (apenas 15 mil nos últimos 10 anos, aproximadamente 1.000 por ano), a SBC aprovou junto à CAPES o PROFCOMP (pós-graduação em licenciatura em Computação).

Esse contexto motivou também, como já explicado pela Cláudia, a organização do evento sobre Grandes Desafios para Educação em Computação. Foi organizada uma chamada de trabalhos, com 32 submissões, 3 revisões por submissão e 27 artigos aceitos, que serão publicados na SOL. Também será disponibilizado um livro resultante de todo o processo.

Um evento presencial foi organizado, autores dos artigos foram divididos em 5 GTs e que resultaram nos grandes desafios:

  • Formação docente e desenvolvimento de recursos pedagógicos acessíveis e inclusivos para o ensino de Computação na Educação Básica;
  • Formação superior em Computação;
  • IA como agente na Educação em Computação;
  • Desenvolvimento e avaliação de soft skills nos cursos da área de Computação;
  • Inclusão, diversidade, equidade e acessibilidade.

Cada desafio é definido e detalhado até ações concretas que poderiam ser implementadas por políticas públicas e também dentro das próprias universidades O objetivo agora do grupo é acompanhar como essas ações serão feitas, ver como a SBC pode apoiar e avaliar os resultados

Leila começou sua reflexão trazendo alguns dados do INEP que ilustram o problema que Rodrigo já havia introduzido. Ressaltou que para além do problema de escala trazido por Rodrigo, temos questões relacionadas a quais habilidades serão necessárias para o futuro e qual o processo pelo qual podemos desenvolvê-las.

Neste contexto, falou que a Educação é muito regulamentada e evolui de forma muito lenta (e nem sempre adequada, feita por pessoas que não necessariamente entendem de Educação ou de Computação), portanto não tem conseguido se adaptar às profundas transformações trazidas pela Computação. A Computação, portanto, precisa ser reconhecida de fato como área do conhecimento, uma área da ciência. 

Leila bateu na tecla do uso do termo Computação. Leila defende que outros termos como tecnologia ou educação digital devem ser evitados, reforçando que o nome da área do conhecimento é Computação. Há muito esforço na direção contrária, dizendo que a Computação precisa ser “transversal” (Leila: Português também é transversal, mas não impede de ter aula de Português em que se explicam os fundamentos), que o termo Computação vai assustar as escolas e que o foco é no uso das tecnologias digitais e não nos fundamentos (Leila discorda).

As consequências podem ser leis e políticas inadequadas, uso de recurso público em Computação que não dará resultados, levando à conclusão de que a inclusão de Computação na Educação Básica foi um erro e por fim levar ao aumento da desigualdade e redução da soberania no país.

Na sequência, Mariza iniciou sua fala dizendo da importância de termos tempo para refletir sobre os grandes desafios, se queremos solucioná-los. Propôs aumentar o desafio de Educação em Computação questionando como será a Educação em IA. Trouxe como exemplo a China, que já inclui ensino de Computação na Educação Básica há muitos anos, incluindo IA. Disse, então, não ter entendido a surpresa das pessoas quando uma startup chinesa construiu uma solução (Deepseek) que superou em alguns aspectos o ChatGPT da OpenAI.

Falou então de uma distância muito grande do que vem sendo proposto nos currículos para Educação em Computação e as competências que serão necessárias para dominar a IA, ainda que seja uma base muito importante. Para agravar, as pesquisas atuais (ex.: trabalhos no WEI) mostram também o quanto os professores estão despreparados até para o básico da Computação.

Seguiu com uma outra reflexão, agora sobre o ensino na era da IA. O ensino não mudou muito ao longo dos últimos séculos, porém a chegada da IA vem gerando certo pânico, forçando-nos a finalmente repensar os métodos de ensino. Estamos num ponto em que os estudantes (e alguns professores) pensam na universidade e nos professores como obsoletos. Também os estudantes precisam pensar em sua própria obsolescência no futuro mercado de trabalho, que vai depender de como ele aproveita o processo de ensino-aprendizagem.

Sem deixar de ser Computação, precisamos entrar em aspectos mais humanísticos, como pensamento crítico, ética, sustentabilidade. É preciso ir na direção da interdisciplinaridade/transdisciplinaridade para trabalhar os Grandes Desafios. Voltando ao início da fala, precisamos de tempo para pensar, mas não temos esse tempo (vide publish or perish).

Por fim, Edgar, que trabalha com Filosofia na Tecnologia e formação de professores, tratou a Computação como um desafio civilizacional, que tem nos movimentado bastante a partir do seu desenvolvimento. Começou com uma análise rápida dos conteúdos de currículos de cursos superiores em Computação, mostrando já que o problema de tratar todo o espectro não é trivial.

Mais uma vez considerando a IA, Edgar disse que estamos no meio de uma roda viva com muitas promessas mas também muitos novos problemas. É preciso pensar na Computação como questão civilizacional, indo do seu uso final (ex.: ferramentas de IA) até os impactos nas bases (ex.: subempregos para mineração de lítio).

A Computação é algo ubíquo e pervasivo, condiciona hábitos e discursos. Todos, jovens e idosos, estão absorvidos pelas tecnologias. Chegou ao ponto da necessidade de uma lei para proibir o uso de celulares em escolas. A situação estava de fato caótica, porém não é feita uma conversa crítico-reflexiva com os estudantes, educá-los em Computação de fato.

Trata-se da nossa relação com o tempo, espaço e movimento, das opções de lazer e saúde, da divisão do trabalho, da remuneração e do prestígio social, das práticas cognitivas, discursiva, de formação de opinião, das formas de sentir, pensar… Todos esses avanços, que são nosso destino, trazem muitas promessas e ameaças.

Edgar falou então da formação em Computação, começando pelos profissionais da Computação. Há dimensões formativas científicas, técnicas, administrativas, econômicas, geopolíticas, éticas, ambientais e retóricas (transdisciplinares). É preciso pensar (e regulamentar) tipos de formação diversas, da universitária ao autodidatismo. Já com relação ao público (usuários) da Computação, de quem é a responsabilidade? É preciso letramento, desmistificação, convite ao uso crítico. Qual linguagem e como acompanhar as transformações? Programação? Pensamento computacional? Quais outras pedagogias? 

E qual seria o foro para discutir tudo isso? São muitos atores e será preciso pensar numa forma de articulá-los todos para podermos realizar esse avanço civilizacional.

Perguntas:

  • Parece que faltam coisas mais básicas, como aprender a ler, escrever e falar, levando ao pensamento crítico. O que podemos fazer? R: a preocupação é antiga (quando surgiram as calculadoras as pessoas não vão querer mais fazer contas) e de certo modo indevida, mas a IA agora vem substituindo múltiplas habilidades, de modo que preocupa-se novamente se os jovens vão deixar de querer aprender, escrever, etc. Pra que aprender a programar se o co-pilot vai fazer pra mim? No ensino-aprendizagem, os alunos precisam querer aprender, do contrário é inútil. // Precisamos talvez pensar menos no procedural (que será resolvida pela IA nos próximos anos) e mais no alto nível do que precisará ser feito. O co-pilot produz código, mas há muito mais no desenvolvimento de software do que apenas o código.
  • Pediu-se para falar um pouco mais sobre a questão de ensino da ética na Educação Básica, mencionada como necessária múltiplas vezes ao longo do painel. R: problemas de formação básica no Brasil vem de longuíssima data, as rupturas atuais vieram apenas nos tirar da inércia. É preciso encontrar o lugar da Filosofia nos currículos básicos, mas não a Filosofia de Cátedra, e sim algo que se relaciona aos problemas básicos dos jovens;
  • A SBC tem alguma iniciativa de fortalecimento dos cursos de licenciatura em Computação? R: sim, a SBC tem trabalhado com a RELIC (Rede de Cursos de Licenciatura em Computação), com várias ações em conjunto no âmbito político;
  • Se a IA consegue fazer trabalhos longos em um tempo curtíssimo, o que realmente se pode utilizar da formação atual em Computação no futuro? R: tem a ver com o comentário sobre obsolescência. Devemos pensar que ao gastar muito mais tempo resolvendo um trabalho que a IA resolve rapidamente, desenvolvemos capacidades mentais que serão úteis em outros contextos. // A IA atualmente não consegue resolver tudo e não sabemos se irá conseguir. Ela traz uma visão específica a partir dos seus algoritmos, ao usá-lo para resolver o trabalho você perde muitas outras visões.

Grandes Desafios da Computação na Perspectiva do Governo e da Indústria

Na quarta-feira o painel teve como tema os Grandes Desafios da Computação na Perspectiva do Governo e da Indústria e foi mediado por Thais Batista (UFRN/Presidente da SBC). O painel contou com a participação de Claudia Cappelli (UERJ), Fábio Guedes (Presidente da FAPEAL), Hugo Valadares Siqueira (Diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia para Inovação Digital, MCTI), Marcelo Malagutti (Assessor Especial no GSI da Presidência da República), Olival Freire Junior(Diretor Científico do CNPq) e Rubem Saldanha (Gerente de Desenvolvimento de Negócios para Setor Público na Amazon Web Services).

Thais iniciou resumindo novamente o histórico dos eventos anteriores da série Os Grandes Desafios da Computação (já trazidos por Flávio Wagner na segunda-feira). Passou então a palavra para cada painelista.

Claudia fez a primeira apresentação, mencionando que nas recomendações de todos os desafios se menciona interação academia-indústria, em particular o desafi de levar o conhecimento da universidade para o mercado. Passou a relatar, então, algumas iniciativas nesse sentido: 

  • Ambientes de inovação aberta (hubs, laboratórios vivos, residências tecnológica, etc.). Ex.: LA-BORA! Gov, Pólen (da Fiocruz), Hub Goiás, Linguagem Simples Lab;
  • Plataformas de dados e infraestrutura compartilhada, que viabilizem a pesquisa aplicada em escala nacional. Ex.: InovaGov;
  • Convênios interinstitucionais mais flexíveis, que permitam compartilhamento de recursos e talentos. Ex.: o conceito de Time Volante, do InovaGov.

Concluiu com alguns obstáculos enfrentados nesta colaboração: diferença de tempos e métricas, poucos profissionais com visão mista, burocracia em convênios e contratos, falta de clareza sobre divisão de propriedade, e empresas muitas vezes desconhecem o potencial das universidades como parceiras da inovação. Mencionou caminhos possíveis para lidar com os obstáculos: criar modelos de contrato-padrão simplificados, estimular agências de inovação e núcleos de transerência tecnológicas, capacitar jurídicos institucionais na Lei de Inovação, fomentar a cultura de inovação colaborativa, buscar caminhos para novas políticas públicas, etc.

Na sequência, Fábio disse que para sua participação no painel, Thais enviou 8 perguntas específicas, visto que ele não é da área de Computação, das quais ele selecionou 3:

  1. Como o governo pode criar políticas públicas que podem lidar com os Grandes Desafios da Computação? Fábio devolve com outra pergunta: o Governo conhece os Grandes Desafios? Esse é o primeiro passo;
  2. Quais relações são previstas para articular melhor a universidade e centros de pesquisa com o setor público? Fábio relatou experiência de Alagoas de chamar a universidade para lidar com problemas do governo, inclusive financeiros. Projeto de R$ 6 milhões que recuperou de evasões fiscais cerca de R$ 300 milhões anuais. Ficou claro para o Governo do papel importante da universidade nas políticas públicas;
  3. Quais são os principais obstáculos para uma colaboração mais ativa com universidades e centros de pesquisa? Fábio mencionou a falta de estabilidade macroeconômica (ex.: câmbio volátil, taxas de juros muito alta) como um obstáculo para investimento em P&D. Há iniciativas isoladas apenas. Precisamos mudar a cultura de P&D no país.

Passou-se a palavra para Hugo, que trouxe uma apresentação sobre o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) – “IA para o Bem de Todos”. Iniciou mencionando como o país está sempre atrás das ondas tecnológicas e que é preciso lutar contra a visão de que o desenvolvimento de tecnologia não é a vocação do país. O foco do PBIA é exatamente não perder essa nova onda tecnológica, pois temos condição de ser líderes na região da América Latina.

O plano envolve então formar, capacitar, letrar e requalificar pessoas em grande escala (todo mundo), equipar o Brasil com infraestrutura de alta capacidade; promover ações de desenvolvimento tecnológico e ações de cooperação internacional em IA e desenvolver modelos de linguagem em português para mitigar vieses internacionais. O PBIA foi pensado em duas grandes linhas: ações estruturantes (infraestrutura, formação, melhoria dos serviços públicos, inovação empresarial, processo regulatório) e ações de impacto imediato (saúde, agricultura, meio ambiente, indústria, comércio e serviços, educação, desenvolvimento social e gestão do serviço público).

Seguiu mencionando oportunidades (população jovem, diversidades de bases de dados nacionais, capacidade de P&D, etc.) e desafios do Brasil relacionados ao PBIA. Finalizou falando das fontes de investimentos para o PBIA 2024-2028. Destacou a parcel do FNDCT não-reembolsável de R$ 5,57 bilhões, a serem divididos em CNPq (para CPFs) e FINEP (para CNPJs).

Na sequência, Malagutti falou que o GSI vem trabalhando na perspectiva da cibersegurança, presente nos Grandes Desafios. Iniciou fazendo um convite, principalmente às mulheres, para virem para a área de cibersegurança. Mencionou que uma questão atual é que as leis atualmente, inclusive o PBIA, mencionam muito pouco questões de cibersegurança. Chamou a comunidade para participação nesses processos regulatórios, para auxiliar a atuação do Governo e do Legislativo, que é muito compartimentada e às vezes pouco técnica. Citou o projeto de lei da IA, que parece ser muito genérico, vazio. Finalizou opinando que não podemos criar uma legislação muito restritiva às pessoas que irão atuar de forma ética, pois os criminosos continuarão usando essas tecnologias do jeito que quiserem, independente de lei.

Em seguida, Olival restringiu sua fala a dois tópicos. No primeiro, sobre interação governo – academia – indústria, a condição zero é ter um país com sólidas instituições democráticas. Para além disso, é preciso pessoas com compromisso, uma contribuição efetiva, um engajamento (cada um com seu ponto de vista) com um determinado projeto importante para o país. Considerando a comunidade da Computação como uma comunidade influente, parabenizou a SBC pelo documento dos Grandes Desafios produzido, com proposições audaciosas. Parabenizou também todo o comitê assessor da Computação no CNPq, como um exemplo de atuação responsável dos atores e instituições numa sociedade democrática.

No segundo tópico, mencionou esforços do governo na realização da maior conferência de ciência e tecnologia e a importância do PBIA, que foi muito bem “envelopado” para apresentação. Particularmente sobre a execução do plano, o PBIA fez com que o CNPq reorientasse toda sua ação e isso tem dado frutos. Mencionou editais que saíram com prioridades para esta temática e estão elaborando para o futuro editais que dialogam que possam avançar na execução do PBIA.

Por fim, Rubem começou dizendo que não é privilégio brasileiro de que governos complicados façam com que indústria e academia sofram “por tabela”. Seguiu para responder a pergunta de como tratar o desafio da integração academia – indústria. A resposta é: diálogo, prática, aprendizado de relacionamento e tempo. 

Mencionou que Claudia falou no início do painel sobre como as empresas não tem ideia do potencial da universidade, mas falando do lado da indústria: a recíproca é verdadeira. Disse concordar com o que ela disse, porém, que sabemos o que precisa ser feito, só precisamos colocar em prática. Mencionou alguns (bons e maus) exemplos advindos de experiências de relações entre a AWS e a Academia, ressaltando mais uma vez a importância do diálogo entre as partes.

Perguntas, feitas em conjunto:

  • Com relação ao PBIA, há um ressentimento sobre não ter muitos recursos para formação de RH, que é o papel da Academia. Um apelo ao governo por ações claras e explícitas para que a Academia possa contribuir com a formação necessária para o plano.
  • Seria muito bom ter uma informação integrada sobre o PBIA, considerando todos os entes de governo envolvidos (CAPES, CNPq, FINEP, etc.), promovendo uma grande rodada de informações para que a Academia comece a pensar e se articular.
  • Computação é gente. Como absorver essa gente bem formada nos doutorados nessa Indústria, não especificamente em IA.
  • A escassez de especialistas em cibersegurança é global e ela gera propostas muito interessantes no exterior, gerando êxodo. Como o GSI vê essa questão e quais políticas existem para reter os recursos no Brasil? E como nós estamos em nível de país em questão de defesa e contra-ataque?

Rodada de respostas:

  • Nós somos muito ruins em marketing. E estamos permanentemente sobre ataque (a exemplo do que aconteceu na pandemia, por exemplo). Está sendo construído um painel de BI do que já aconteceu no PBIA para contribuir com essa comunicação. Está sendo elaborado um piloto de programa moldado na unidade EMBRAPII para formação de pessoas nos problemas práticos. O governo está muito preocupado com a questão da formação e alguns projetos piloto já vêm sendo feitos, a exemplo do ensino de IA na Computação Básica no Piauí ou o Bolsa Futuro Digital. E há previsão de chegada de novos recursos (alguns bilhões);
  • Na área de cibersegurança, quantos bem formados tiver nesta área são absorvido pela indústria, multiplicando o salário em 3x em 6 anos. Com relação à retenção de talentos, há ações em andamento junto ao Governo, mas não tem muito o que se possa fazer em termos institucionais e as mudanças em legislação são difíceis. Quanto ao nível do país em defesa mencionou que há iniciativas de defesa, mas institucionalmente somos impedidos de contra-atacar. Temos bons profissionais, porém em pequena quantidade;
  • Em relação à formação, não há dúvidas de que é uma prioridade importante (vide até o fato de que os INCTs incluem bolsas de formação). Na questão de cibersegurança há um grande problema de cultura também no Brasil;
  • Em relação à formação, visto que mudanças estruturantes muitas vezes demoram, pode-se olhar para a Indústria como uma alternativa para formação rápida, por exemplo via EMBRAPII ou SENAI, ainda que nestes casos seja mais focado na ferramenta, mesmo assim pode ser válido;
  • Às vezes a demora em fazer o que já se sabe que deve ser feito pelo Governo não se deve à vontade dos gestores, a exemplo de uma ação pronta da CAPES que não foi lançada por conta de cortes vindos do legislativo, não por vontade do executivo.

Última pergunta:

  • Nas contribuições com empresas, muitas vezes quando você chega ao cerne (o “core”) do negócio, não é permitida a aproximação da universidade por conta de ser uma questão estratégica da empresa. Como os painelistas vem percebendo essa restrição? // R: nas iniciativas dos laboratórios dos governos federal e estaduais, vem se percebendo uma melhora nessa aproximação. Percebe-se também uma absorção da mão de obra por parte das empresas. // A academia só vai conseguir contribuir com o cerne da empresa após trabalhar em questões mais marginais e se criar uma relação de confiança. Além disso, é preciso entender a empresa para saber se ela tem problemas no cerne e se ela gostaria de abri-lo. // Há uma dicotomia no Brasil de se trabalhar muito na análise dos problemas e pouco nas soluções. É preciso diálogo e essa mudança do foco para as alternativas de solução.

Para encerrar o painel, Thais pediu a Fábio para fazer considerações finais. Ele falou da importância da contribuição da sociedade na discussão dos grandes desafios que se apresentam. Estamos num momento importante no país e precisamos contribuir.