Vítor E. Silva Souza
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De 21 a 24 de julho de 2025 participei do 45º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2023), em Maceió, AL.
Tenho o costume de escrever breves resumos das apresentações que assisti (de modo a me forçar a prestar atenção às apresentações e para tentar compartilhar o conhecimento com outros), vide 2024, 2023, 2022, 2019 e 2018 (rolou um hiato durante a pandemia).
O CSBC é composto por vários eventos que ocorrem em paralelo e neste ano participei dos eventos relacionados ao meu papel como Secretário Regional da SBC no ES e também, como de costume, acompanhando as pautas da pós-graduação por conta da minha participação no PPGI/UFES e em comissões da CAPES.
(Segunda-feira, 21/07/2025)
O Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação e Computação no Brasil (Fórum PG) é parte da Diretoria de Educação da SBC e se reúne anualmente no CSBC. O coordenador do Fórum, Rafael Kunst iniciou a reunião apresentando a agenda do dia, que seria dominada principalmente pela Avaliação Quadrienal da CAPES, com outros dois temas e a costumeira eleição da próxima coordenação do Fórum. A atividade aconteceu em duas sessões, uma pela manhã e outra de tarde, após o SECOMU.
Avelino Zorzo (coordenador de área da Computação na CAPES) fez uma apresentação dos desafios do período 2021-2024, como um retorno à comunidade. Iniciou agradecendo ao trabalho dos coordenadores de pós-graduação, dos coordenadores de área atuais e os que os antecederam e todos os que apoiaram e apoiam a Avaliação Quadrienal.
Focou em 7 pontos que o CA-C tinha se proposto a fazer no início da gestão: foco na formação, fortalecimento da área, transformação de conhecimento para a sociedade, amadurecer a avaliação qualitativa, excelência nacional e internacional, melhorar a transparência, mestrado profissional em rede.
Na sequência, falou brevemente da Avaliação 2025-2028, mencionando o desafio de fazer “duas quadrienais em uma”, pois os documentos da quadrienal seguinte tiveram que ser preparados agora devido ao acordo com o MPF. Impactaram também no trabalho deste período a pandemia (da COVID-19) e uma “pandemia de gestão”.
Passou então para os desafios para 2025-2028: é preciso fazer uma discussão sobre o uso de IA em formação, produção, impacto e governança. Convocou o Fórum a fazer esta discussão para o futuro. Teresa mencionou que participou da elaboração de um documento sobre o uso da IA em conjunto com a SBC, que deve ser publicado em breve.
Prosseguiu a apresentação focando nas quadrienais: 2021-2024 e 2025-2028. Começando com a atual, ressaltou o processo de formação da comissão que faz a avaliação (mais de 1.000 consultores em todas as áreas), que na Computação leva em consideração diversos aspectos, como nota do PPG, região, áreas de atuação e gênero.
Apresentou as etapas da avaliação, que envolvem preparação (Qualis, indicadores, etc.), avaliação qualitativa prévia, a avaliação quadrienal em si, aprovação no CTC, pedidos de reconsideração, análise e encerramento no CTC. Destacou a importância de fazer a avaliação qualitativa previamente sem os números dos programas, que são apresentados aos consultores apenas na avaliação quadrienal, depois de já se ter uma tendência de nota feita previamente na qualitativa. Destacou também que os indicadores quantitativos são observados em diversas dimensões. Apresentou também a tabela de conceitos x notas.
Passou para a nova quadrienal (2025-2028), ressaltando a importância de conhecer todos os documentos da área. Apresentou a nova ficha de avaliação, similar à anterior, mas com algumas mudanças: destacou no item 1 (Programa) a parte de planejamento e autoavaliação, que terão um peso maior, e a avaliação dos docentes agora incorporada no item 1.
Apresentou então o novo documento de área:
Recomentou um documento da CAPES para estudo por todos: Diretrizes Comuns da Avaliação de Permanência dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu.
Ao final de sua apresentação, seguiu-se uma sessão de perguntas, que foi retomada ao final do dia na segunda sessão do Fórum PG, após o SECOMU:
Perguntas:
Avelino ressaltou a importância de se conversar, insistir e disseminar ideias como esta até que surjam projetos e aquilo vai se tornando realidade. Foram muitos anos batendo na tecla da Computação na Educação Básica até que se tornou uma realidade.
Cláudia Motta (atual Diretora de Educação da SBC) e Rodrigo Duran (Diretor de Educação eleito assume a partir da Assembleia na quinta-feira) fizeram uma fala sobre a diretoria, da qual o Fórum PG faz parte. Cláudia mencionou ainda outras atribuições da diretoria, como o CQ, o WEI, discussões sobre classificações de áreas no MEC, etc. A diretoria trabalha com uma Comissão de Educação, da qual o coordenador do Fórum PG faz parte, para todos estes trabalhos.
Rodrigo se apresentou rapidamente, mencionando que já vem fazendo parte da Comissão de Educação há alguns anos e da importância da interação com o Fórum PG.
Passou-se a palavra então para Sergio Serra (UFRJ) falar sobre o POSCOMP. Destacou que o exame é organizado pela SBC e executado pela FUNDATEC, o edital do exame deste ano vem sendo divulgado (inscrições se encerrando no dia seguinte ao Fórum), o exame tem 70 questões de múltipla escolha, divididas em 3 áreas e em 5 níveis de dificuldade. A prova é online, com duração de 4 horas.
Trouxe números atualizados em 11/07: 1713 inscrições (1092 homologadas), vem crescendo o número de inscritos (494, 726, 1003 nos últimos 3 anos). Ressaltou a importância do exame e que a comunidade (em especial o Fórum PG) se aproprie, contribua com sugestões, pense estratégias e discuta aprimoramentos junto da Comissão de Educação.
Cláudia destacou em seguida que a Diretoria de Educação espera o retorno dos PPGs à pesquisa sobre o POSCOMP, para que isso direcione ações relativas ao exame. Destacou por fim a organização dos Grandes Desafios da Educação em Computação, que serão apresentados no SECOMU na terça-feira.
Adenilso Simão (USP) apresentou o APOEMA – Sistema de Apoio Estratégico à Medição e Análise da Pós-Graduação, uma iniciativa sua iniciada à época em que foi coordenador do Fórum PG, que aproveita uma característica muito importante da Plataforma Sucupira, que é a disponibilização dos dados. O sistema, que foi criado pra analisar os dados do PPG que Adenilso faz parte, cresceu para todos os PPGs em Computação e posteriormente, ao assumir o cargo de Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação, cresceu também pra analisar outras áreas.
O APOEMA fica em https://sistemas.prpg.usp.br/apoema-pg/. Adenilso abriu o sistema e demonstrou uma série de visualizações de dados agregados dos dados da Plataforma Sucupira. O sistema no momento agrega nas visualizações apenas programas da mesma área e permite indicar quais anos se quer incluir e que programas se quer destacar nos gráficos.
Para acessar o sistema, solicita-se um token informando seu e-mail. O token é fornecido gratuitamente e você pode acessar o sistema a partir dele. Ao acessar, você escolhe a área, os programas e os anos e pede para gerar o relatório. Há uma funcionalidade em teste para considerar 2 PPGs como se fossem um só, fundido. Caso seja um relatório que já foi gerado por alguém, busca-se do cache, do contrário entra numa fila para gerar novos relatórios. Após gerado, o link do relatório pode ser compartilhado e acessado mesmo por quem não possui um token.
Adenilso disse que a comunidade pode contribuir com novas ideias de gráficos para serem gerados. Estão atualmente trabalhando em uma funcionalidade para personalizar os relatórios e no uso de IA para essa personalização.
Perguntas:
(Terça-feira, 22/07/2025)
Denis do Rosário (Diretor de Eventos e Comissões Especiais) iniciou a reunião das Comissões Especiais (CEs) apresentando a agenda do dia e alguns lembretes gerais:
Passou a palavra para o prof. Yannis Ioannidis (presidente da ACM), que fez uma apresentação sobre a ACM. Começou apresentando a missão da ACM, ressaltando seu aspecto global e sua atuação para além da pesquisa, também em engenharia e aplicação. Enfatizou também sua ação na área de educação (com a elaboração de currículos) e ética (ressaltando o Código de Ética da ACM, que foi adotado pela SBC bem como outras associações).
Falou um pouco da estrutura da ACM, com grupos temáticos (Special Interest Group – SIG) e sociais (Women) bem como divisões geográficas. A ACM vem elaborando um novo modelo de associação a ser divulgado em breve. Apresentou rapidamente a lista de SIGs e de corpos permanentes. Falou da participação da ACM no grupo Ff4D (Fair Finance for Development) da ONU. Falou também de algumas força-tarefa da ACM, ressaltando que as mais populares em termos de interesse dos voluntários são as ligadas aos aspectos sociais, apesar de ser uma sociedade sobre Computação, o que é bastante interessante.
Falou do seu calendário de visita a diferentes conferências, incluindo as 13 maiores conferências da ACM, mas também outras, com destaque para sua participação no CSBC, que está sendo muito proveitosa para ele.
Passou a falar sobre acesso aberto da ACM, que vem planejando abrir todos os artigos e materiais suplementares a partir de 2026, movendo a barreira de pagamento (paywall) dos leitores para os autores, porém com um plano de transição de 3 anos (aumentando o custo pouco a pouco) e tentando acordos com instituições ou países para cobrir os custos, bem como waivers para países em situações mais vulneráveis. Mencionou o acordo da ACM com a CAPES que está em vias de ser assinado e liberará os autores do pagamento.
Por fim falou das relações internacionais da ACM, que incluem parcerias com a SBC, mas que precisam ser incrementadas. Nessas relações, ressaltou a importância da confiança.
Após a fala do presidente da ACM, a presidente da SBC, Thais Batista, falou da importância das Comissões Especiais e da visão de que todos fazem parte da SBC (“a SBC somos nós”) e da importância de se sentir pertencendo a um trabalho conjunto para avançar a Computação no Brasil. Recomendou também a leitura do Manual das CEs, publicado recentemente na SOL, não só pelos coordenadores das CEs mas também pelos grupos gestores.
Se seguiram falas dos diretores da SBC, começando com José Viterbo Filho (Diretor de Publicações), que anunciou que a SOL atingiu a marca de 30 mil publicações e está disponibilizando um servidor de pre-prints para os associados (preprints-sol.sbc.org.br). Mostrou a distribuição de artigos por ano de publicação, mencionando também os esforços de publicação de edições de eventos anteriores ao surgimento da SOL (resgate histórico). Falou do JBCS, que completa 31 anos, ao que Altigran Silva (um dos editores) comentou que vem sendo procurado pelos eventos para edições especiais, o que é muito legal, de que o JBCS está precisando muito de revisores e agradece o apoio recebido. A editora da RBIE mencionou que passa por questões similares.
Viterbo prosseguiu falando da mudança nos editores também da REIC, também disponível para publicações e edições especiais, ao que Célia Ralha (UnB), uma das editoras, convidou a todos a divulgarem a revista a estudantes de graduação e considerar a submissão de artigos para publicação nessa revista de acesso aberto da SBC. Viterbo falou ainda da indexação do JIS na SCOPUS, primeiro periódico da SBC indexado lá; que vem trabalhando com a CE de Engenharia de Software para indexação dos anais do CBSoft para abrir mais essa porta; que há um novo periódico da SBC mantido pela CE de Computação Aplicada à Saúde; que a SBC fez visitas à CAPES e CNPq para falar da SOL e de Ciência Aberta. Foi comentado que causou uma ótima impressão ao presidente do CNPq, que volta e meia cita a SOL como um bom exemplo.
Na sequência, Avelino Zorzo (coordenador do CA-C/CAPES) pediu a palavra para falar da importância de se criar a lista de eventos mais relevantes de cada CE não para a CAPES mas para a comunidade, evitando casos questionáveis como indicar eventos não porque são os melhores, mas porque se quer aumentar seu Qualis, deixando de indicar os melhores eventos que já possuem um bom Qualis. Isso prejudica a área na CAPES, que pode ser questionada em relação à avaliação de eventos e pode levar até ao CA-C/CAPES passar a desconsiderar a lista na avaliação (não mais fazer a indução a partir das listas). Além disso, sugeriu discutir a lista com a comunidade para que reflita a visão do coletivo. Concluiu agradecendo pelo trabalho das CEs na construção destas listas.
Em seguida, Alírio Santos de Sá (Diretor de Comunicação) apresentou a equipe de comunicação da sede e falou de ações da diretoria em relação a eventos, como a ajuda na preparação do enxoval dos eventos e a divulgação dos eventos (pediu que lembrassem de marcar o perfil da SBC quando divulgassem eventos no Instagram). Alírio apresentou números da comunicação no último ano: +8,8 mil seguidores, 124 mil usuários ativos no site, +2.000 publicações nas redes sociais, 57 matérias e notas no site, 52 boletins digitais. Pediu que sempre que houvesse algo passível de divulgação pelos eventos e periódicos, enviar para a equipe da sede. Solicitou também artigos que possam ser publicados na SBC Horizontes.
Então, Francisco “Chico” Dantas (Diretor de Finanças) fez uma fala para reforçar a fala anterior de Thais sobre sermos todos partes inseparáveis de um todo, demonstrando preocupação de falas como “a SBC tem dinheiro, não deveríamos ter que pagar isso ou aquilo”. Comentou então sobre receitas e despesas da SBC, que é uma associação que não visa lucro, demonstrando que não há superávit nessa relação entre receitas e despesas. Importante entender o modelo de sustentabilidade da SBC, para contribuir com ele. Comentou sobre ações recorrentes, como acompanhamento dos aspectos financeiros do PROFCOMP, além da análise e aprovação de demandas das CEs e Secretarias Regionais. Neste contexto, falou de uma nova proposta de se trabalhar uma peça orçamentária para maior organização das despesas da SBC, a ser avaliado (um estudo piloto) para ver se a SBC consegue se adequar. Para isso, todos serão chamados a contribuir.
Thais pediu a palavra para mencionar que foi buscar o propósito dos caixas das Comissões Especiais, que foram criados para: (1) adiantar recursos para organizadores dos eventos da CE para despesas iniciais, a serem devolvidos posteriormente; (2) cobrir eventuais resultados negativos de eventos da CE. É importante ter estes propósitos em mente, pois algumas CEs começaram a usar o saldo para outros propósitos e deve-se avaliar com cuidado se isso não está reduzindo o saldo das CEs de modo insustentável. Falou também que foi criado um GT para melhorar a comunicação da sede/diretoria com as CEs.
Após as falas, foram feitos alguns comentários sobre a comunicação da sede/diretoria com as CEs, em particular com relação a pedidos de contratação de estagiários de algumas CEs que não houve retorno e a certas negativas de uso de saldo de CE. Reconheceu-se que houve falhas de comunicação e as situações foram explicadas por Chico e por Thais.
A seguir, estava prevista a fala de Ronaldo Ferreira (Diretor de Cooperação com Sociedades Científicas), no entanto devido a compromissos ao meio-dia precisei sair da sessão. Perguntando a colegas, soube que foi conversado sobre a anuidade da SBC na IFIP, que seria dividida entre as CEs que possuem saldo suficiente para contribuir.
(Quarta-feira, 23/07/2025)
Eunice Nunes (Diretora de Secretarias Regionais) iniciou a reunião dando as boas-vindas, agradecendo a presença dos Secretários Regionais (SRs) e apresentando a pauta. Iniciou com alguns informes:
Sobre Comunicação, passou a palavra para o Wangles, da equipe da sede, lembrou que o e-mail comunicacao@sbc.org.br pode ser usado para entrar em contato com ele para divulgação de ações das SRs, que é feito por vários canais (ex.: newsletter, Instagram, LinkedIn, etc.). Pra se ter uma ideia do interesse, uma publicação sobre Estudante Destaque é a que teve mais engajamento no Instagram nos últimos quatro anos. A equipe da sede pode trabalhar num padrão para os perfis de Instagram das SRs. Lembrar de marcar o perfil da SBC em toda divulgação.
A palavra foi passada para Jessica, que explicou sobre a ideia de imprimir cartazes indicando que há um ponto de referência da SBC em cada instituição. Foi feito um piloto com os SRs e incluída uma impressão A4 no material entregue a cada SR durante a reunião, que o SR pode afixar próximo da sua sala. O material também será usado nas redes sociais.
Eunice prosseguiu apresentando números das SRs (25 SRs, 16 SRs adjuntos, 245 RIs, 43 REs), pedindo que as SRs que não possuem SR adjunto procurem ocupar essa posição com uma pessoa parceira, preferencialmente de outra instituição. Atualizem os RIs constantemente, tentando motivar ou substituindo aqueles que não mais respondem. Tentem também envolver os estudantes como REs.
Sobre Escolas Regionais, de julho 2024 a julho 2025 foram realizadas 15 escolas, incluindo as temáticas. As exclusivamente regionais foram cinco, em GO, MT, Norte 2, CE/MA/PI e ES. Pediram o esforço das SRs para realização das ERIs, dada sua importância, tentando envolver outras pessoas no estado para não sobrecarregar apenas o SR na organização.
Apresentou também um gráfico com o número de associados por SR, para um diagnóstico e motivação para aumentar o número de associados. Mencionou algumas estratégias para aumentar o número de associados:
Prosseguiu com alguns encaminhamentos vindos da Diretoria da SBC:
O prof. Yannis Ioannidis (presidente da ACM) falou também com os SRs. Por problemas técnicos com sua máquina, ele não conseguiu ajustar a apresentação e utilizou os mesmos slides apresentados para as Comissões Especiais na véspera, apenas fazendo alguns destaques que achou importante para os SRs, porém não consegui identificar diferenças na apresentação.
Foi perguntado sobre como engajar pessoas no Brasil que não falam inglês. Yannis explicou que parte das recomendações da força-tarefa de globalização é ser muito mais multi-língua, para alcançar estas pessoas.
Também foi perguntado sobre a força-tarefa de Youthification, pois é um grande desafio. Yannis disse que a força-tarefa ainda não começou, mas que o desafio é entender uma juventude que é muito diferente de quando nós éramos jovens. As motivações são muito diferentes. Uma estratégia é envolver pessoas jovens na própria força-tarefa.
Após a fala do presidente da ACM, a presidente da SBC, Thais Batista, falou do esforço junto à CAPES para assinar o acordo com a ACM. Mencionou que na Assembleia irá falar sobre o trabalho da Diretoria dos últimos 2 anos, mas destacou a iniciativa de criar uma Diretoria Extraordinária de TI que vem trabalhando nos sistemas da SBC. Thais falou das questões financeiras da SBC, compartilhando com os SRs as dificuldades que cada vez mais se apresentam.
Thais repetiu o discurso “nós somos a SBC” para os SRs, que representam a capilaridade da SBC nos diversos estados. Agradeceu os SRs por representarem a SBC e incentivou uma participação cada vez mais ativa (seguir os passos de outros SRs que já levaram o CSBC para seus estados por exemplo). Agradeceu também o empenho de Eunice na direção das SRs. Incentivou que cada SR realize a sua ERI para mobilizar estudantes, professores e profissionais nos estados. Destacou também a Semana da SBC.
Rapidamente, Leila Ribeiro (Diretora de Computação na Educação Básica) disse que no contato com secretarias municipais e estaduais as SRs podem contar com sua diretoria para apoiar iniciativas locais de Computação na Educação Básica.
Então, Francisco “Chico” Dantas (Diretor de Finanças) rapidamente falou sobre a peça orçamentária (já falada na reunião com as CEs no dia anterior).
Denis do Rosário (Diretor de Eventos e Comissões Especiais) falou também brevemente sobre a importância do contato dos SRs com as CEs sobre eventos que acontecem nas regionais (inclusive levando em conta a capitalização das SRs via eventos) e da participação dos SRs na divulgação destes eventos.
Em seguida, Alírio Santos de Sá (Diretor de Comunicação) ressaltou a importância de auxiliar nas ações de comunicação (ex.: repassar o Giro SBC) e também incentivou os SRs a aproveitar os canais de comunicação existentes (site, redes sociais, giro semanal, WhatsApp, SBC Horizontes).
Finalmente, Carlos “Carlinhos” Ferreira (Diretor de Competições Científicas) pediu para que os SRs ajudem a incentivar a participação na Maratona e se colocou à disposição para fazer alguma atividade relacionada à Maratona nas ERIs.
(Quarta-feira, 23/07/2025)
Antônio Gomes (Diretor de Avaliação da CAPES) iniciou apresentando a evolução do SNPG de 167 PPGs em 23 municípios em 1973 para 4.659 PPGs em 323 municípios em 2024. Há vários fatores para esta evolução, uma delas a política de dedicar recursos para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (redução de assimetrias). Também é notável a expansão das universidades, dos IFs e a mudança nas fundações de apoio (que hoje são responsáveis por metade do fomento). E isso também acontece graças aos planos (PNPGs, já realizados 7) e avaliações. Falou mais sobre a importância de se trabalhar a questão das assimetrias e de como o SNPG evoluiu de forma robusta nesta questão, crescendo em quantidade e qualidade.
Passou para algumas reflexões sobre oferta, expansão e avaliação dos PPGs, porém de forma geral (não específica para a Computação): Onde estão atuando os egressos da PG? Qual a necessidade de formação de Mestres e Doutores? Como expandir a oferta de PG? Qual o perfil do egresso e da PG para contribuir com o desenvolvimento do país? Qual o papel indutor da avaliação na PG?
Defendeu que o objetivo inicial de formar docentes/pesquisadores para as universidades vem sendo cumprido com sucesso, mas há muito para expandir na formação para outros setores. Ressaltou o papel da avaliação, pois quando os programas vão se organizar, geralmente utilizam a avaliação como norte. No entanto, no início da apresentação, havia feito uma breve fala sobre como a avaliação deve ser indutora mas não fazer com que os PPGs se guiem apenas por ela. Defendeu ainda que o ingresso na PG deve ser mais flexível, ter um itinerário mais dinâmico e diversificado (a avaliação induziu uma uniformidade nos PPGs), mais investigação e menos disciplinas (formação média atual dos doutores é com 38 anos), maior interação com outros setores (para capturar boas perguntas a serem respondidas).
Relatou como a oferta de PG cresceu de forma quase espontânea, porém precisamos crescer também de forma induzida, articulados com a sociedade. Neste aspecto a CAPES vem trabalhando na análise do perfil da indústria nos estados para que novos editais de criação de programas sejam orientados por temas estratégicos que interessem aos estados, com apoio das FAPs (Agenda Nacional de Formação de RH de alto nível). Há contribuições da área de Computação nesta iniciativa e outras precisarão existir para futuros processos de avaliação.
Avelino Zorzo (Coordenador do CA-C/CAPES) apresentou um pouco do que já havia apresentado ao Fórum PG na segunda-feira. Apresentou números dos APCNs de 2023 e 2024, PAEP (eventos) 2023 a 2025. Apresentou informações sobre a avaliação e sobre a área que também já haviam sido apresentadas na segunda. Em seguida, mostrou números que mostram que estamos abaixo da média da OCDE, alinhado com o discurso do Antônio de que precisamos formar mais mestres e doutores.
Apresentou então um comparativo entre as quadrienais, que mostra que crescemos 12% em número de alunos, porém formamos menos mestres. Aumentou o número de bolsistas PQ/DT e na produção científica aumentou a produção no estrato superior e diminuiu no inferior. Aumentou também a produção (ou o relato) de produção técnica. Mostrou gráficos que demonstram a diminuição de formação de mestres, a recuperação na produção científica após o período da pandemia, uma saturação da produção per capta nos programas 5, 6 e 7 (por volta de 5 A1 / docente / ano) e ressaltou que por conta disso a distinção entre os programas que possuem essas notas tem que ser feita de forma qualitativa.
Finalizou com algumas reflexões: a área alcançou um nível de estabilidade na CAPES; a avaliação está indo cada vez mais de quantitativa para qualitativa, focando nas 4N melhores produções e em casos de impacto/sucesso; deixou no ar a questão de se o impacto do aquecimento da área é positivo ou negativo; necessidade de valorizar a transformação do conhecimento mas sem esquecer a ciência básica; aumento da importância da autoavaliação e planejamento; e questões já colocadas para reflexão do Fórum PG: avanços na educação vs. mudança na sociedade; reflexão sobre uso de IA; e atração de alunos estrangeiros.
Olival Freire Junior (Diretor Científico do CNPq) disse que vem trabalhando em novas ações e reformulação de alguns programas, que seriam o foco de sua fala. Começou falando do programa de bolsas de produtividade, que avançou um pouco na questão da defasagem do número de bolsas (1.500 novas bolsas na gestão atual), introduziu adicional de bancada pra o PQ2, mudou a denominação PQ1-a/b/c/d/PQ2 para um sistema de 3 níveis, introdução da súmula curricular (avaliação qualitativa), realização de uma meta-avaliação para identificar se as mudanças estão surtindo os efeitos desejados.
Passou para o programa Conhecimento Brasil (FNDCT), que trata da diáspora científica brasileira, que não podemos fingir que não existe. Algumas medidas estão em andamento e precisam ser avaliadas: a substituição da obrigatoriedade do retorno dos bolsistas por colaboração com instituições brasileiras e a bolsa de repatriação (599 concedidas). Uma palavra sobre os INCTs, Olival ressaltou a importância do programa, mas devido a algumas críticas é preciso debatê-lo. Se fala que os INCTs estaduais (das FAPs) seriam suficientes, então seria preciso avaliar se a restrição de atuação apenas no estado é ou não limitante.
Sobre novas ações, mencionou o PROFIX, programa de fixação mais robusto, espelhado no de repatriamento, que vai conseguir trabalhar também na questão das assimetrias. Finalizou dizendo que vem prestando atenção no problema da integridade na produção científica, mas não desenvolveu o assunto pela questão do tempo.
Francisco de Carvalho (Coordenador do CA-CC/CNPq) apresentou a formação atual do CA-CC/CNPq e relatou os procedimentos gerais do comitê no julgamento de propostas. Relatou então as várias chamadas que aconteceram ao longo do ano, os recursos aportados e algumas outras características:
Perguntas:
(Segunda a quarta-feira, 21 a 23/07/2025)
O SECOMU este ano focou nos Grandes Desafios da Computação, com um painel introdutório na segunda-feira, foco na Educação em Computação na terça e na Perspectiva do Governo e da Indústria na quarta.
Na segunda-feira o painel foi mediado por Flávio Rech Wagner (UFRGS) e teve participação de Yannis Ioannidis (presidente da ACM), Virgílio Almeida (UFMG), Silvio Lemos Meira (UFPE / TDS.company) e Lisandro Zambenedetti Granville (RNP / UFRGS).
Flávio começou retomando o histórico da série Grandes Desafios da Computação, com 4 eventos realizados entre 2006 e 2014 para tratar desta temática. Em novembro de 2024 a SBC decidiu revisitar os grandes desafios, com 18 trabalhos selecionados e 80 participantes. Foram selecionados 6 grandes desafios:
Os desafios foram publicados em um livro que está sendo lançado no evento, contendo o detalhamento em subdesafios; relação com questões socioeconômicas; contribuições de outras áreas do conhecimento; recomendações para o setor público, agências de fomento, setor privado, universidades, sociedades científicas de outras áreas do conhecimento; recomendações para a formação de recursos humanos; e métricas para acompanhamento do sucesso no enfrentamento do desafio.
No painel, então, cada painelista apresentou em 10 minutos sua visão do tema.
Yannis foi o primeiro a dar seu ponto de vista, baseando-se no Triângulo do Conhecimento: Pesquisa, Educação e Inovação (Industrial), mas que são relacionados com outros 2 aspectos: ética e políticas. Na parte de pesquisa, ressaltou que a IA é a maior singularidade que passamos, mesmo comparando com a Internet, Supercomputadores e Computação/Telefonia Móvel. Outros desafios seriam Interação Humano-X (substitua X por várias coisas), Cibersegurança, Computação Quântica, Robótica, Dados e a combinação de IA com outras disciplinas. Este último desafio também é o desafio principal na área de inovação industrial. Na área de educação, elencou a produção de material didático na era da IA, que o ensino vá além do uso no mundo, e como fazer avaliação de estudantes na era da IA. Na área de políticas, os desafios são a regulação do uso de IA, mas sem regular a IA em si; e o fomento para o desenvolvimento do Sul Global pelo Norte Global. Por fim, na parte da ética, sugeriu a adoção do Código de Ética da ACM, e o desafio é responsabilizar-se pelo que é construído. Finalizou lembrando da importância dos ODSs da ONU e alertando sobre grandes ondas de problemas que precisamos lidar, cada uma maior que a anterior: COVID, recessão, mudanças climáticas, mudanças na biodiversidade e guerras.
Na sequência, Lisandro falou na perspectiva da RNP. Do desafio da IA, mencionou que em reuniões da RNP com organizações similares de outros países não há ainda uma proposta sólida mesmo nos países desenvolvidos. Apresentou então um framework que a RNP vem trabalhando, organizado em três pilares: uma IA “administrativa” voltada às tarefas do dia a dia, IA para operação de rede, mais voltada à infraestrutura de redes e serviços, e uma IA habilitadora, voltada aos clientes da RNP. Mencionou fomento já sendo planejado para a construção do framework. No desafio de cibersegurança, a RNP vem trabalhando nessa questão há muitos anos, com o plano atual tendo começado em 2022, com uma estratégia de distribuição em SOCs (Security Operation Centers) para aumentar as competências ao longo do país. No desafio de tecnologias quânticas, que é o desafio mais no início, até pelo estado do desenvolvimento das tecnologias quânticas em si, elencou brevemente algumas iniciativas (grupos de estudo, GTs, apoios pontuais). No desafio do acesso universal à Internet, que toca o cerne da RNP. Lisandro apresentou a conectividade da RNP dentro do Brasil e com o exterior, mencionando projetos atuais nesta área. Finalizou com uma provocação, que todas as entidades de fomento sejam envolvidas numa ação conjunta de contribuição a alguns dos grandes desafios e que se fizesse um mapeamento (uma grande tabela) para dar maior visibilidade.
Em seguida, Virgílio concentrou-se em dois desafios: IA e ecossistemas éticos e sustentáveis, que em comum têm um impacto na questão social, de inclusão, e diversidade, além de impacto ético. Começou indicando que o avanço das tecnologias digitais tem grande potencial para trabalhar os ODSs da ONU, por outro lado vê-se como consequências questões preocupantes como concentração de poder nas big techs, ameaças a soberanias, fake news e echo chambers, privacidade e vigilantismo, armas autônomas, falta de sustentabilidade, dentre outras. Questiona então o que seria a Computação para o Bem Público, que precisa ser discutido para que algumas questões fiquem mais claras. Questionou se nos cursos de Computação estamos educando estudantes socialmente responsáveis, ressaltando a importância de se incluir responsabilidade social e ética nos currículos. O desafio a passar aos estudantes é que não sejam guiados pela tecnologia, mas que a guiem, incentivando a inovação centrada no ser humano. Como ensinar Computação na era da IA é uma pergunta central neste contexto. Os grandes desafios organizadas pela SBC vem em ótimo momento, mas como dar concretude a eles? Criamos ferramentas poderosas, mas hesitamos em definir o papel do humano frente às máquinas; estamos navegando sem metas claras, é urgente definir objetivos mensuráveis e transformadores; estamos formando técnicos, quando deveríamos formar agentes de mudança, visionários; a Computação é uma questão social, política, ética, é hora de tratá-la desta maneira, fugindo da moldura STEM.
Enfim, Silvio arrematou o assunto, tocando nas falas dos colegas que precederam, falando numa velocidade que foi impossível acompanhar e resumir o que foi dito. Consegui registrar apenas o seguinte: estamos vivendo um colapso ontológico, epstemológico e axiológico. 😀
Perguntas:
Na terça-feira o painel teve como tema os Grandes Desafios para Educação em Computação e foi mediado por Cláudia Motta (UFRJ). O painel contou com a participação de Edgar de Britto Lyra Netto (PUC-Rio), Leila Ribeiro (UFRGS), Mariza Ferro (UFF) e Rodrigo Duran (IFB).
Cláudia explicou que os Grandes Desafios da Computação são tratados a cada 10 anos pela SBC e que na última edição a SBC achou importante tratar também dos Grandes Desafios para Educação em Computação. Passou então a palavra para Rodrigo para aprofundar nessa questão, abrindo o painel.
Rodrigo disse que a SBC tem um grande desafio em mãos por conta de algo que ela lutou bastante, que foi a inclusão da Computação na BNCC, aprovando legislação que diz que a partir de 2023, todas as (+179 mil) escolas da Educação Básica precisam incluir o desenvolvimento de habilidades de Computação em seus currículos. No entanto, dada a formação insuficiente de licenciados em Computação (apenas 15 mil nos últimos 10 anos, aproximadamente 1.000 por ano), a SBC aprovou junto à CAPES o PROFCOMP (pós-graduação em licenciatura em Computação).
Esse contexto motivou também, como já explicado pela Cláudia, a organização do evento sobre Grandes Desafios para Educação em Computação. Foi organizada uma chamada de trabalhos, com 32 submissões, 3 revisões por submissão e 27 artigos aceitos, que serão publicados na SOL. Também será disponibilizado um livro resultante de todo o processo.
Um evento presencial foi organizado, autores dos artigos foram divididos em 5 GTs e que resultaram nos grandes desafios:
Cada desafio é definido e detalhado até ações concretas que poderiam ser implementadas por políticas públicas e também dentro das próprias universidades O objetivo agora do grupo é acompanhar como essas ações serão feitas, ver como a SBC pode apoiar e avaliar os resultados
Leila começou sua reflexão trazendo alguns dados do INEP que ilustram o problema que Rodrigo já havia introduzido. Ressaltou que para além do problema de escala trazido por Rodrigo, temos questões relacionadas a quais habilidades serão necessárias para o futuro e qual o processo pelo qual podemos desenvolvê-las.
Neste contexto, falou que a Educação é muito regulamentada e evolui de forma muito lenta (e nem sempre adequada, feita por pessoas que não necessariamente entendem de Educação ou de Computação), portanto não tem conseguido se adaptar às profundas transformações trazidas pela Computação. A Computação, portanto, precisa ser reconhecida de fato como área do conhecimento, uma área da ciência.
Leila bateu na tecla do uso do termo Computação. Leila defende que outros termos como tecnologia ou educação digital devem ser evitados, reforçando que o nome da área do conhecimento é Computação. Há muito esforço na direção contrária, dizendo que a Computação precisa ser “transversal” (Leila: Português também é transversal, mas não impede de ter aula de Português em que se explicam os fundamentos), que o termo Computação vai assustar as escolas e que o foco é no uso das tecnologias digitais e não nos fundamentos (Leila discorda).
As consequências podem ser leis e políticas inadequadas, uso de recurso público em Computação que não dará resultados, levando à conclusão de que a inclusão de Computação na Educação Básica foi um erro e por fim levar ao aumento da desigualdade e redução da soberania no país.
Na sequência, Mariza iniciou sua fala dizendo da importância de termos tempo para refletir sobre os grandes desafios, se queremos solucioná-los. Propôs aumentar o desafio de Educação em Computação questionando como será a Educação em IA. Trouxe como exemplo a China, que já inclui ensino de Computação na Educação Básica há muitos anos, incluindo IA. Disse, então, não ter entendido a surpresa das pessoas quando uma startup chinesa construiu uma solução (Deepseek) que superou em alguns aspectos o ChatGPT da OpenAI.
Falou então de uma distância muito grande do que vem sendo proposto nos currículos para Educação em Computação e as competências que serão necessárias para dominar a IA, ainda que seja uma base muito importante. Para agravar, as pesquisas atuais (ex.: trabalhos no WEI) mostram também o quanto os professores estão despreparados até para o básico da Computação.
Seguiu com uma outra reflexão, agora sobre o ensino na era da IA. O ensino não mudou muito ao longo dos últimos séculos, porém a chegada da IA vem gerando certo pânico, forçando-nos a finalmente repensar os métodos de ensino. Estamos num ponto em que os estudantes (e alguns professores) pensam na universidade e nos professores como obsoletos. Também os estudantes precisam pensar em sua própria obsolescência no futuro mercado de trabalho, que vai depender de como ele aproveita o processo de ensino-aprendizagem.
Sem deixar de ser Computação, precisamos entrar em aspectos mais humanísticos, como pensamento crítico, ética, sustentabilidade. É preciso ir na direção da interdisciplinaridade/transdisciplinaridade para trabalhar os Grandes Desafios. Voltando ao início da fala, precisamos de tempo para pensar, mas não temos esse tempo (vide publish or perish).
Por fim, Edgar, que trabalha com Filosofia na Tecnologia e formação de professores, tratou a Computação como um desafio civilizacional, que tem nos movimentado bastante a partir do seu desenvolvimento. Começou com uma análise rápida dos conteúdos de currículos de cursos superiores em Computação, mostrando já que o problema de tratar todo o espectro não é trivial.
Mais uma vez considerando a IA, Edgar disse que estamos no meio de uma roda viva com muitas promessas mas também muitos novos problemas. É preciso pensar na Computação como questão civilizacional, indo do seu uso final (ex.: ferramentas de IA) até os impactos nas bases (ex.: subempregos para mineração de lítio).
A Computação é algo ubíquo e pervasivo, condiciona hábitos e discursos. Todos, jovens e idosos, estão absorvidos pelas tecnologias. Chegou ao ponto da necessidade de uma lei para proibir o uso de celulares em escolas. A situação estava de fato caótica, porém não é feita uma conversa crítico-reflexiva com os estudantes, educá-los em Computação de fato.
Trata-se da nossa relação com o tempo, espaço e movimento, das opções de lazer e saúde, da divisão do trabalho, da remuneração e do prestígio social, das práticas cognitivas, discursiva, de formação de opinião, das formas de sentir, pensar… Todos esses avanços, que são nosso destino, trazem muitas promessas e ameaças.
Edgar falou então da formação em Computação, começando pelos profissionais da Computação. Há dimensões formativas científicas, técnicas, administrativas, econômicas, geopolíticas, éticas, ambientais e retóricas (transdisciplinares). É preciso pensar (e regulamentar) tipos de formação diversas, da universitária ao autodidatismo. Já com relação ao público (usuários) da Computação, de quem é a responsabilidade? É preciso letramento, desmistificação, convite ao uso crítico. Qual linguagem e como acompanhar as transformações? Programação? Pensamento computacional? Quais outras pedagogias?
E qual seria o foro para discutir tudo isso? São muitos atores e será preciso pensar numa forma de articulá-los todos para podermos realizar esse avanço civilizacional.
Perguntas:
Na quarta-feira o painel teve como tema os Grandes Desafios da Computação na Perspectiva do Governo e da Indústria e foi mediado por Thais Batista (UFRN/Presidente da SBC). O painel contou com a participação de Claudia Cappelli (UERJ), Fábio Guedes (Presidente da FAPEAL), Hugo Valadares Siqueira (Diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia para Inovação Digital, MCTI), Marcelo Malagutti (Assessor Especial no GSI da Presidência da República), Olival Freire Junior(Diretor Científico do CNPq) e Rubem Saldanha (Gerente de Desenvolvimento de Negócios para Setor Público na Amazon Web Services).
Thais iniciou resumindo novamente o histórico dos eventos anteriores da série Os Grandes Desafios da Computação (já trazidos por Flávio Wagner na segunda-feira). Passou então a palavra para cada painelista.
Claudia fez a primeira apresentação, mencionando que nas recomendações de todos os desafios se menciona interação academia-indústria, em particular o desafi de levar o conhecimento da universidade para o mercado. Passou a relatar, então, algumas iniciativas nesse sentido:
Concluiu com alguns obstáculos enfrentados nesta colaboração: diferença de tempos e métricas, poucos profissionais com visão mista, burocracia em convênios e contratos, falta de clareza sobre divisão de propriedade, e empresas muitas vezes desconhecem o potencial das universidades como parceiras da inovação. Mencionou caminhos possíveis para lidar com os obstáculos: criar modelos de contrato-padrão simplificados, estimular agências de inovação e núcleos de transerência tecnológicas, capacitar jurídicos institucionais na Lei de Inovação, fomentar a cultura de inovação colaborativa, buscar caminhos para novas políticas públicas, etc.
Na sequência, Fábio disse que para sua participação no painel, Thais enviou 8 perguntas específicas, visto que ele não é da área de Computação, das quais ele selecionou 3:
Passou-se a palavra para Hugo, que trouxe uma apresentação sobre o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) – “IA para o Bem de Todos”. Iniciou mencionando como o país está sempre atrás das ondas tecnológicas e que é preciso lutar contra a visão de que o desenvolvimento de tecnologia não é a vocação do país. O foco do PBIA é exatamente não perder essa nova onda tecnológica, pois temos condição de ser líderes na região da América Latina.
O plano envolve então formar, capacitar, letrar e requalificar pessoas em grande escala (todo mundo), equipar o Brasil com infraestrutura de alta capacidade; promover ações de desenvolvimento tecnológico e ações de cooperação internacional em IA e desenvolver modelos de linguagem em português para mitigar vieses internacionais. O PBIA foi pensado em duas grandes linhas: ações estruturantes (infraestrutura, formação, melhoria dos serviços públicos, inovação empresarial, processo regulatório) e ações de impacto imediato (saúde, agricultura, meio ambiente, indústria, comércio e serviços, educação, desenvolvimento social e gestão do serviço público).
Seguiu mencionando oportunidades (população jovem, diversidades de bases de dados nacionais, capacidade de P&D, etc.) e desafios do Brasil relacionados ao PBIA. Finalizou falando das fontes de investimentos para o PBIA 2024-2028. Destacou a parcel do FNDCT não-reembolsável de R$ 5,57 bilhões, a serem divididos em CNPq (para CPFs) e FINEP (para CNPJs).
Na sequência, Malagutti falou que o GSI vem trabalhando na perspectiva da cibersegurança, presente nos Grandes Desafios. Iniciou fazendo um convite, principalmente às mulheres, para virem para a área de cibersegurança. Mencionou que uma questão atual é que as leis atualmente, inclusive o PBIA, mencionam muito pouco questões de cibersegurança. Chamou a comunidade para participação nesses processos regulatórios, para auxiliar a atuação do Governo e do Legislativo, que é muito compartimentada e às vezes pouco técnica. Citou o projeto de lei da IA, que parece ser muito genérico, vazio. Finalizou opinando que não podemos criar uma legislação muito restritiva às pessoas que irão atuar de forma ética, pois os criminosos continuarão usando essas tecnologias do jeito que quiserem, independente de lei.
Em seguida, Olival restringiu sua fala a dois tópicos. No primeiro, sobre interação governo – academia – indústria, a condição zero é ter um país com sólidas instituições democráticas. Para além disso, é preciso pessoas com compromisso, uma contribuição efetiva, um engajamento (cada um com seu ponto de vista) com um determinado projeto importante para o país. Considerando a comunidade da Computação como uma comunidade influente, parabenizou a SBC pelo documento dos Grandes Desafios produzido, com proposições audaciosas. Parabenizou também todo o comitê assessor da Computação no CNPq, como um exemplo de atuação responsável dos atores e instituições numa sociedade democrática.
No segundo tópico, mencionou esforços do governo na realização da maior conferência de ciência e tecnologia e a importância do PBIA, que foi muito bem “envelopado” para apresentação. Particularmente sobre a execução do plano, o PBIA fez com que o CNPq reorientasse toda sua ação e isso tem dado frutos. Mencionou editais que saíram com prioridades para esta temática e estão elaborando para o futuro editais que dialogam que possam avançar na execução do PBIA.
Por fim, Rubem começou dizendo que não é privilégio brasileiro de que governos complicados façam com que indústria e academia sofram “por tabela”. Seguiu para responder a pergunta de como tratar o desafio da integração academia – indústria. A resposta é: diálogo, prática, aprendizado de relacionamento e tempo.
Mencionou que Claudia falou no início do painel sobre como as empresas não tem ideia do potencial da universidade, mas falando do lado da indústria: a recíproca é verdadeira. Disse concordar com o que ela disse, porém, que sabemos o que precisa ser feito, só precisamos colocar em prática. Mencionou alguns (bons e maus) exemplos advindos de experiências de relações entre a AWS e a Academia, ressaltando mais uma vez a importância do diálogo entre as partes.
Perguntas, feitas em conjunto:
Rodada de respostas:
Última pergunta:
Para encerrar o painel, Thais pediu a Fábio para fazer considerações finais. Ele falou da importância da contribuição da sociedade na discussão dos grandes desafios que se apresentam. Estamos num momento importante no país e precisamos contribuir.