Instruções para alunos de doutorado

Esta página tem por objetivo dar algumas instruções gerais a alunos sob minha orientação em trabalhos de doutorado.

Saiba o que é um doutorado:

O doutorado é uma pós-graduação strictu-sensu, ou seja, que tem como objetivo específico a formação acadêmica de um professor e/ou pesquisador. É o segundo nível dessa formação que, em geral, começa com o mestrado.

O doutorado pode ser visto como o processo de produção de uma tese de doutorado. A tese é como uma dissertação de mestrado, porém deve ser algo inédito, que contribua para o conhecimento da ciência e é de responsabilidade do aluno encontrar e resolver um problema de pesquisa. No mestrado, normalmente o aluno trabalha dentro de um projeto de pesquisa do orientador, que na maioria dos casos indica ao aluno qual o problema de pesquisa a ser resolvido e orienta-o quanto ao caminho a ser seguido. O doutorado exige maior independência do aluno.

Outra diferença que se pode fazer entre mestrado e doutorado é com relação ao tamanho da contribuição científica. Enquanto é possível concluir um mestrado com apenas um artigo publicado, para o doutorado espera-se que o aluno publique ao menos três artigos em veículos relevantes e bem qualificados. Melhor ainda se conseguir uma publicação em periódico. Por isso o aluno de doutorado conta com 5 anos para realizar este trabalho, enquanto o Mestrado normalmente se conclui em 2 anos.

As dicas da Profª. Monalessa, sobre a dissertação de mestrado que também publiquei em minha página podem ser adaptadas para a tese de doutorado:

  • Ela deve ser um resultado de um trabalho que envolveu pesquisa e habilidades relacionadas à computação;
  • “Como” os resultados foram obtidos é tão importante quanto os resultados em si;
  • Devem ser apresentadas contribuições relevantes para o meio acadêmico e deseja-se, também, contribuições com aplicação prática (principalmente devido aos temas serem relacionados à Engenharia de Software);
  • Precisa ser algo totalmente inédito, algo que ainda não tenha sido feito ou que tenha sido feito de forma diferente, demonstrando que esta nova forma possui vantagens;
  • Deve apresentar fundamentação teórica adequada, densa e abrangente, preferencialmente incluindo uma revisão sistemática da literatura;
  • Sua proposta deve ser bem descrita, fundamentada e relevante;
  • A avaliação da proposta é fundamental, preferencialmente algo mais consistente do que uma simples prova de conceito.

Após a conclusão bem-sucedida de um doutorado, o aluno recebe o título de Doutor, alcançando o mesmo patamar de titulação que seu orientador, mesmo que, claro, não tenha tanta experiência quanto. No entanto, é esperado que ao final do curso, o aluno saiba mais do seu assunto específico de pesquisa do que o próprio orientador. Este é o nível de autonomia e independência que se espera de um aluno formado em um curso de doutorado.

Saiba de suas responsabilidades:

Como aluno de doutorado, você deve ter claro que é sua responsabilidade auto-organizar e gerenciar suas próprias metas e atividades. Durante o doutorado, você deve continuar a desenvolver sua maturidade para conduzir a pesquisa que lhe cabe realizar, tendo senso crítico e sendo questionador, mas também capaz de formular respostas e argumentação. Você deve ser capaz de superar os desafios que são típicos do curso: inicialmente definir o tema; em seguida delimitar o escopo; planejar como fazer o trabalho; efetivamente fazer o trabalho e apresentá-lo de forma adequada. Tais desafios também são comuns em um mestrado, porém o objetivo de se produzir algo novo e inovador, sem que o professor orientador aponte exatamente o caminho a ser seguido traz desafios maiores ao doutorado.

Por outro lado, eu, como orientador, tenho o papel de orientar o trabalho, mas não fazê-lo diretamente, pois isso cabe ao aluno. Além disso, eu não sou sua única fonte de conhecimento: você deve sempre procurar outras pessoas e material na Internet para auxiliar nas tarefas que deve realizar. O que você pode esperar de mim é que eu o alerte quanto a prazos (se você deveria estar mais adiantado(a)), qualidade (se o material que você vêm produzindo não possui qualidade suficiente) e oportunidades.

Durante o período do doutorado faremos reuniões periódicas para acompanhamento do trabalho. Nos semestres em que você estiver cursando disciplina de Estudo Dirigido (ED), tais reuniões serão semanais e exclusivas (apenas os alunos matriculados no ED, que em geral é um só). Quando não houver ED, o acompanhamento é feito nas reuniões do grupo de pesquisa, que também são semanais, mas envolvem todos que fazem pesquisa (Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado) na mesma área de interesse. Quando sentir necessidade de uma reunião extraordinária, você pode usar o YouCanBook.Me (YCBM) para agendar um horário comigo.

Todos meus compromissos (incluindo os agendados via YCBM) são marcados em minha agenda do Google. Sugiro que você tenha uma conta Google para que eu possa adicioná-lo à reunião como convidado e você seja notificado do horário da reunião e possíveis remarcações para não perder um compromisso marcado.

Organizar, portanto, seu próprio cronograma de trabalho é fundamental. Nesse contexto, você não pode assumir que eu vou sempre revisar rapidamente o material que você me envia. Leia a seção Nunca deixe nada para a última hora! e faça seu planejamento considerando os prazos de retorno.

Uma outra responsabilidade muito importante é ter conhecimento das regras e procedimentos burocráticos do programa, como descrito a seguir.

Conheça as regras do programa de pós-graduação:

O PPGI, Programa de Pós-Graduação em Informática da UFES, é o programa responsável pelos cursos de Mestrado e Doutorado em Informática na universidade. Uma navegação pelas páginas web do site do PPGI é recomendável.

A página de documentos e formulários, por exemplo, contém vários links interessantes. Em especial, o Regimento do PPGI e o Regulamento Geral da Pós-Graduação da UFES são leituras fundamentais para o aluno que deseja conhecer seus direitos e deveres com relação ao programa, evitando, assim, contratempos.

Dentre as informações contidas nas normas citadas acima, destaco:

  • O calendário acadêmico do PPGI será definido anualmente pelo Colegiado Acadêmico e poderá seguir ou não o calendário acadêmico oficial da UFES (Art. 11º PPGI);
  • A duração máxima do Curso de Doutorado do PPGI será de 60 meses (Art. 16º PPGI);
  • Nas Disciplinas Regulares, nos Tópicos Especiais e nos Seminários Temáticos, 01 (um) crédito equivalerá a 15 (quinze) horas-aula. Nos Estudos Dirigidos, 01 (um) crédito equivalerá a 30 (trinta) horas de trabalho discente sob efetiva supervisão docente (Art. 17º, par. 1º PPGI) — Nota: cada Estudo Dirigido possui 90 horas de trabalho discente, equivalendo a 3 créditos;
  • Um mínimo de 36 (trinta e seis) créditos são exigidos para o curso de doutorado (Art. 18º PPGI, Art. 22º PRPPG);
  • Será condição necessária para aprovação e obtenção dos créditos, a frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) da carga horária prevista para cada disciplina ou atividade acadêmica (Art. 20º PPGI, Art. 35º PRPPG);
  • Será considerado aprovado [em uma disciplina] o aluno que […] obtiver nota igual ou superior a 6,0 (seis). O aluno que obtiver nota inferior a 6,0 (seis) em qualquer Disciplina Regular, Tópico Especial, Estudo Dirigido, ou Seminário Temático estará REPROVADO na mesma e só poderá repetir a disciplina ou atividade uma única vez (Art. 21º, pars 2º e 3º PPGI);
  • O Coeficiente de Rendimento Acadêmico (CRA) do aluno será determinado pela média ponderada das notas das disciplinas, considerando os correspondentes números de créditos como os respectivos pesos (Art. 36º, par. 3º PRPPG);
  • O aluno de doutorado deverá ser aprovado em um Exame de Qualificação (Art. 30º PPGI), que consiste na elaboração de um artigo científico […] em coautoria com o seu orientador do PPGI, com tema associado à sua proposta de doutorado, aceito em periódico e/ou conferência com classificação na área de Ciência de Computação da CAPES como Qualis A1, A2, B1 ou B2, ou com fator de impacto equivalente a estes estratos. É imprescindível que o trabalho não tenha sido usado para cumprir requisitos de outros cursos (Art. 31º PPGI). Tal exame só poderá ser realizado uma única vez […] e o aluno terá até o 30º (trigésimo) mês após a data de ingresso no curso de doutorado para concluí-lo (Art. 32º PPGI);
  • O Exame de Proposta de Tese de Doutorado consiste do julgamento de uma monografia contendo a proposta de trabalho e de uma defesa oral da mesma, [devendo ser realizado pelo aluno] até o 36º (trigésimo sexto) mês, [podendo] repetir este exame apenas uma vez, desde que a repetição do exame ocorra dentro do prazo. A Proposta de Tese de Doutorado será avaliada por, pelo menos, 2 (dois) especialistas dentre os prováveis membros da banca examinadora de defesa de tese, aprovados pelo Colegiado do PPGI, além do orientador (Art. 33º PPGI);
  • Para apreciação e julgamento da Tese de Doutorado, o aluno será examinado por uma Comissão Examinadora composta por no mínimo 5 (cinco) e no máximo 7 (sete) docentes ou pesquisadores, com título de Doutor ou nível equivalente. Deverão fazer parte da Comissão Examinadora, além do orientador, que a presidirá, pelo menos 2 (dois) examinadores externos ao quadro docente do PPGI, sendo que pelo menos um deles deve ser externo ao quadro da UFES (Art. 36º PPGI, Art. 40º PRPPG);
  • A aceitação da Tese de Doutorado para defesa pública estará condicionada a: (i) o cumprimento da integralização do número de créditos exigidos pelo PPGI; (ii) a obtenção de coeficiente de rendimento global igual ou superior a 8,0 (oito); (iii) a adequação da tese às normas estabelecidas por comissão específica do PPGI; (iv) a entrega na Secretaria do PPGI do formulário específico de solicitação de defesa de tese devidamente preenchido; (v) o envio, a todos os membros da Comissão Examinadora (titulares e suplentes) e à Coordenação do Programa, de uma cópia digital e/ou impressa do texto de defesa, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias; (vi) a comprovação de ter pelo menos 2 (dois) artigos científicos aceitos em periódico e/ou conferência classificados na área de Ciência de Computação da CAPES como Qualis A1, A2, B1 ou B2, ou com fator de impacto equivalente (Art. 37º PPGI);
  • A Tese de Doutorado deve ser defendida publicamente perante a Comissão Examinadora dentro do prazo máximo estabelecido no Artigo 16º (Art. 38º PPGI) — Nota: o prazo máximo é 60 meses, como dito acima;
  • O texto final da Tese, incluindo todas as correções sugeridas pela Comissão Examinadora, será elaborado de acordo com as normas estabelecidas por comissão específica do PPGI e deverá ser encaminhado, com declaração do orientador que todas as exigências foram cumpridas, à Coordenação do PPGI e aos membros da Comissão Examinadora, em um prazo máximo de 90 (noventa) dias após a defesa. (Art. 39º PPGI);
  • O Estágio de Docência […] consistirá no auxílio às atividades acadêmicas associadas às disciplinas de graduação ou pós-graduação do Departamento de Informática da UFES. Para os alunos bolsistas, a realização de Estágio de Docência é obrigatória. O Estágio de Docência do aluno de doutorado compreende (2) dois semestres letivos (Art. 28º PPGI) — Nota: o aluno pode atuar como monitor (2 créditos) ou como professor (4 créditos);
  • Cumpridas as demais exigências, são condições para que o aluno se qualifique para requerer concessão do título de Doutor (Art. 42º PPGI):
    1. Completar o número mínimo de créditos exigidos no currículo do curso;
    2. Obter coeficiente de rendimento igual ou superior a 8,0 (oito) no conjunto de todas as disciplinas e atividades cumpridas durante o curso;
    3. obter aprovação no Exame de Qualificação de Doutorado;
    4. obter aprovação no Exame de Proposta de Tese de Doutorado;
    5. obter aprovação da Tese de Doutorado em defesa pública perante a Comissão Examinadora;
    6. ter, no mínimo, 2 (dois) artigos completos associados ao tema da tese, aceitos em periódico ou conferência classificados como Qualis A1, A2, B1 ou B2, ou com fator de impacto equivalente;
    7. ter atendido ao estabelecido no Artigo 39º deste Regimento (sobre o texto final da tese, vide acima).
  • Além dos casos dispostos na legislação em vigor, será DESLIGADO do curso de doutorado do PPGI o aluno que se enquadrar em um dos seguintes casos (Art. 44º PPGI):
    1. Ter 2 (duas) reprovações em disciplinas do currículo do curso;
    2. Não concluir o número mínimo de créditos dentro do limite máximo de tempo estabelecido para o curso;
    3. Não ter a Tese de Doutorado aprovada pela comissão examinadora dentro dos prazos estabelecidos por este Regimento;
    4. Deixar de fazer matrícula em algum período letivo;
    5. Ficar reprovado uma única vez no Exame de Qualificação de Doutorado;
    6. Ficar reprovado duas vezes no Exame de Proposta de Tese de Doutorado;
    7. Manifestar voluntariamente este desejo, de forma escrita, à Coordenação do Programa;
    8. Deixar de cumprir os prazos estipulados neste Regimento.

Integre-se ao grupo de pesquisa:

Em atividades de pesquisa, a participação em um grupo é muito importante, pois permite o compartilhamento de conhecimento, auxilia no amadurecimento do aluno e melhora a qualidade do resultado final. Você deve, portanto, integrar-se ao NEMO (Núcleo de Estudos em Modelagem Conceitual e Ontologias), de diferentes formas:

  • Conheça os alunos do grupo e faça amizades. Frequente o laboratório (CT-7, sala 11) e verifique se há espaço para que você trabalhe ali diariamente. Caso contrário, pergunte pelo NEMO Extension. Ter afinidade com outros membros do NEMO e trabalhar um tempo razoável no laboratório são fundamentais;
  • É obrigatória sua participação nos seminários do NEMO, para conhecer em que seus colegas de grupo estão trabalhando (mesmo que o assunto apresentado não pareça relevante para você). Você deve também entrar no rodízio para apresentação de seminário sobre o que vem fazendo nos últimos meses;
  • Assista às jornadas de IC, apresentações de PG, defesas de mestrado/doutorado de colegas de grupo, para ver como funcionam e ter exemplos de trabalhos bem feitos (e outros nem tão bem feitos assim), julgando a partir dos comentários dos membros da banca. Isso aguça seu senso crítico e te ajuda a descobrir o que é importante e o que não é tão importante em um trabalho de mestrado;
  • Quando tiver dúvidas e ainda faltar um tempo para a próxima reunião comigo, tente resolvê-las com colegas de grupo. Muitas vezes outros colegas já passaram pelos problemas/dúvidas que você está passando e podem ajudar. Em especial quando são dúvidas mais práticas ou sobre procedimentos burocráticos é mais provável que os seus colegas no NEMO saibam mais do que eu sobre o assunto.

Seja independente:

Relacionado ao que já foi dito anteriormente, é preciso que o aluno (você) tenha independência do orientador (eu). Precisar de orientação e ajuda é esperado, mas depender de mim para tudo demonstra falhas no seu perfil como candidato ao título de Doutor. Isso provavelmente será refletido na qualidade do trabalho, pois se eu tiver tempo para atender todas as suas solicitações, o trabalho poderá ficar bom, mas caso contrário ele provavelmente não terá boa qualidade. Isso é sinal de dependência em excesso.

Dependência em excesso também gera queda de produtividade. Eu, como professor, me interesso por atividades de pesquisa de mais alto nível. Se tiver que constantemente realizar atividades que deveriam ser do aluno, meu interesse por aquele trabalho cai e o aluno tende a ficar “no fim da fila” dentre as minhas pendências (que são várias, vide novamente a dica Nunca deixe nada para a última hora!). Isso gera demora na minha resposta pra você e, consequentemente, atrasos no andamento do seu trabalho.

Além disso, você deve ser capaz de apresentar ideias e sugestões pertinentes para a melhoria e desenvolvimento do seu próprio trabalho. Algumas vezes, considerar apenas o que eu proponho/sugiro leva a limitações no trabalho, pois eu não sei tudo! Aliás, muito pelo contrário: o desenvolvimento de um trabalho de doutorado é um processo de aprendizado mútuo — tanto eu quanto você aprendemos durante esse período. Mais próximo do final, é esperado que você seja mais conhecedor/defensor de seu trabalho do que eu. Dicas apresentadas anteriormente (procurar materiais na Internet, conversar com outras pessoas, assistir outros trabalhos, etc.) podem ajudar a instigar novas ideias e sugestões.

Tornar-se independente deve ser um de seus objetivos/desafios principais durante o doutorado, sendo fundamental para a conclusão do mesmo com sucesso.

Desenvolva sua habilidade de escrita:

Não é minha função corrigir seu texto em termos de ortografia ou sintaxe. Correções e melhorias em geral são esperadas, mas ter que reescrever trechos grandes de seu trabalho não.

Para evitar perda de tempo com questões de formatação, citação de trabalhos e referências cruzadas, artigos e a dissertação de mestrado devem ser escritos utilizando a ferramenta LaTeX. Para ajudar, preparei um template LaTeX para tese, baseado no projeto abnTeX2, que já formata o documento seguindo os padrões da ABNT. Veja também a seção sobre o uso do LaTeX, abaixo. Praticamente toda conferência/periódico na Ciência da Computação oferece modelos LaTeX para artigos submetidos.

Se você tiver dificuldade em escrever (em português ou em inglês), procure cursos de redação de trabalhos acadêmicos, cursos de inglês ou até mesmo considere contratar alguém para revisar seu texto antes de mandá-lo a mim. Uma boa ideia é encontrar algum colega do NEMO ou do PPGI que queira formar uma dupla com você em que um revisa o texto do outro sempre que necessário. Revisar o texto antes de submetê-lo é fundamental, como descrito a seguir.

Revise bem seus documentos:

Ao escrever qualquer documento, é muito importante que você utilize um corretor ortográfico. Enviar documentos com erros simples de digitação ou de português que poderiam ser capturados por corretores automáticos é sinal de que você não está levando o trabalho a sério. Caso esteja usando um editor específico (ex.: editor LaTeX) que não possui corretor ortográfico, copie e cole o texto em um editor que possua esse recurso e utilize-o.

Editores de texto como LibreOffice Writer e Microsoft Word possuem suporte a diferentes línguas. Antes de passar o corretor ortográfico é importante assegurar-se que o texto encontra-se “formatado” para a língua correta. No LibreOffice, tal configuração encontra-se na formatação do caractere/fonte. No Word, encontra-se no menu Ferramentas/Tools.

Além do corretor ortográfico, revise seu documento para garantir que não há erros simples, que você mesmo poderia capturar antes de enviá-lo a mim. Um trabalho que exige muitas correções simples de minha parte demora mais para retornar a você, pois se torna cansativo de revisar. Quanto melhor o documento enviado, mais rápido você o recebe de volta para continuar seu trabalho. Em casos extremos, pode ser que eu me recuse a revisar o texto até que ele tenha um mínimo de qualidade.

Quaisquer documentos (relatórios, documentação técnica, artigo, etc.) enviados a mim poderão sofrer revisão e retornar a você para que efetue melhorias e modificações. Sobre esse assunto, por favor leia com atenção a seção a seguir.

Sobre a revisão de documentos:

Documentos enviados a mim, sejam eles relatórios, documentação técnica, monografia, dissertação, etc. serão, em alguns casos, revisados e devolvidos com anotações para que você efetue modificações para melhorar o trabalho.

Qualquer que seja o documento, para podermos ter um histórico da revisão vou anexar um número de versão ao documento quando fizer a primeira revisão no mesmo. Por exemplo, você me manda o documento PG-Fulano.docx, eu faço a revisão e devolvo PG-Fulano_v2.docx. A partir daí, caso você me envie o mesmo documento para uma segunda rodada de revisão, deve incrementar o número de versão antes de enviá-lo. Continuando o exemplo anterior, você faz as modificações, renomeia o arquivo para PG-Fulano_v3.docx e me manda. Em seguida eu retorno com PG-Fulano_v4.docx e assim por diante, até a versão final (PG-Fulano_vFinal.docx).

No caso de documentos ODT ou DOCX, a revisão será feita utilizando o mecanismo de controle de alterações (track changes) do editor de texto. Documentos ODT serão revisados no LibreOffice Writer 4 e documentos DOCX no Microsoft Word 2013. O aluno não deve usar o Word para salvar documentos ODT ou o Writer para salvar documentos DOC/DOCX. Caso o template possua uma extensão diferente do programa que deseja usar, abra-o e salve com a extensão adequada antes de me enviar o documento.

Modificações feitas por mim podem ser vistas diretamente no documento, sublinhadas e coloridas pelo próprio editor. Pedidos/sugestões de modificação serão feitos com comentários/anotações/notas que são exibidas ao lado direito do documento.

Ao mexer em um documento que já foi revisado por mim, você deve:

  1. Certificar-se que configurou seu nome e iniciais no editor, pois o sistema de revisão utiliza o nome do usuário para indicar quem fez qual alteração:
    • No Writer, clique no menu Ferramentas / Opções (Tools / Options na versão em inglês) e no item Libre Office / Dados do usuário (LibreOffice / User Data) preencha o campo Nome/Sobrenome/Iniciais (First/Last name/Initials);
    • No Word 2013, basta que você esteja identificado com sua conta Microsoft e ele usará as informações do seu perfil.

     

  2. Revisar todas as modificações que eu fiz, aceitando-as caso concorde e rejeitando-as caso não concorde. No caso de rejeição, adicione um comentário/anotação justificando a rejeição:
    • No Writer, para revisar as modificações clique no menu Editar / Alterações / Aceitar ou rejeitar… (Edit / Changes / Accept or reject). Para adicionar uma anotação, clique no menu Inserir / Anotação (Insert / Note);
    • No Word, use a aba Revisão (Review) para o controle de alterações. A caixa de seleção Mostrar Marcações (Show Markup) permite que você escolha como deseja ver as modificações feitas. Para revisar, clique no botão Painel de Revisão (Review Pane) e utilize os botões Aceitar (Accept) e Rejeitar (Reject). Para adicionar um comentário, use o botão Novo Comentário (New Comment).

     

  3. Habilitar o controle de alterações antes de fazer qualquer alteração no texto do documento, para que eu saiba o que foi modificado por você quando me enviar a nova versão do documento:
    • No Writer, certifique-se que o item de menu Editar / Alterações / Registrar (Edit / Changes / Record) esteja ativado;
    • No Word, na aba Revisão (Review), certifique-se que o botão Controlar Alterações (Track Changes) esteja ativado.

     

  4. Ao efetuar modificações relacionadas a um comentário/anotação/nota deixado por mim, responder com outro comentário:
    • No Writer, clique na anotação que deseja responder e, com o cursor lá dentro, clique no menu Inserir / Anotação (Insert / Note);
    • No Word, clique no comentário que deseja responder e, com o cursor lá dentro, use o botão Novo Comentário (New Comment). Alternativamente, utilize diretamente o botão específico para responder comentários, presente no próprio comentário.

     

  5. Caso esteja trabalhando em uma seção completamente nova, desligar o controle de alterações, pois aquela seção do documento será revisada do zero, como se fosse um documento novo. Além disso, indique com um comentário as seções que são novas para que eu saiba que devo revisá-las.
     

No caso de uso de LaTeX, leia atentamente o post Controle de alterações em LaTeX usando Git e SourceTree. Observe também as instruções da seção a seguir.

Sempre que possível e indicado, use o LaTeX

Editores como o Word e o Writer são muito poderosos e versáteis. Porém, em determinadas situações, é mais indicado usar uma ferramenta que guie a escrita do documento de forma mais estruturada. O LaTeX é uma ferramenta desse tipo, que força o autor a concentrar-se no conteúdo, enquanto a ferramenta lida com toda a parte de formatação. Um exemplo simples de documento LaTeX pode ser visto neste site.

Quando o uso de um template RTF/DOC/ODT não é obrigatório, recomendo o uso do LaTeX. Após um esforço inicial de acostumar-se a um editor não WYSIWYG, o LaTeX te livra de uma série de preocupações:

  • Não é necessário preocupar-se com questões de formatação: qual é o tipo de tamanho das fontes, espaçamento, primeira linha, margens da página, etc. Vários leiautes prontos encontram-se disponíveis, praticamente toda conferência e periódico oferece templates prontos, evitando que o artigo seja rejeitado por má formatação;
  • Seções, tabelas, listagens, figuras todas recebem um nome e as referências cruzadas no código-fonte são feitas a esse nome, sendo transformadas automaticamente pelo LaTeX para o número adequado, autualizando-o automaticamente quando este muda;
  • Referências bibliográficas com BibTeX são gerenciadas automaticamente, adicionando a citação onde você indicar e criando a seção de referências automaticamente somente com os trabalhos citados;
  • Escrita de equações matemáticas e uso de símbolos especiais (letras gregas, por exemplo) é mais simples com LaTeX do que em editores WYSIWYG como Word e Writer.

A única área que o LaTeX dificulta muito a vida do autor é no uso de tabelas, em especial tabelas complexas com muitas células mescladas e formatação especial. Em certos casos, é mais fácil produzir a tabela em outro editor e gerar uma imagem da mesma, inserindo-a como uma figura no documento.

Tutoriais sobre LaTeX e BibTeX podem ser encontrados facilmente na Internet. Na página oficial do LaTeX há um link para uma The (Not So) Short Introduction to LaTeX2e como tutorial LaTeX e a Wikipedia cita o artigo Bibliographies with BibTeX como tutorial do BibTeX.

No meu blog, escrevi sobre o gerenciamento de bibliografia com Mendeley e BibTeX. Falo sobre o Mendeley a seguir.

Alguns editores que facilitam o trabalho de escrever em LaTeX: TeXstudio (que eu atualmente uso e recomendo), Texmaker, TeXworks, TeXShop (este último somente para MacOS). Ambientes online como o Overleaf permitem a edição de LaTeX de maneira colaborativa.

A instalação de um editor, no entanto, pode não trazer junto a plataforma LaTeX (com o compilador, suas bibliotecas, pacotes, etc.), que também será necessária para a edição de documentos nesse formato. O site do abnTeX2, que utilizo como base para os modelos de monografia (PG) e dissertação (Mestrado), traz orientações de instalação do LaTeX e do abnTeX2, que pode te ajudar a configurar o ambiente inicial.

Por fim, o site writeLaTeX pode te auxiliar a aprender LaTeX a partir de exemplos. A seção TeX do Stack Exchange funciona como um Stack Overflow para TeX e é um ótimo local para procurar respostas e, caso não as encontre, perguntar.

Gerencie os artigos que você lê com o Mendeley

Durante a produção de um trabalho acadêmico, principalmente de mestrado e doutorado, um aluno deve ler muitos artigos, relatórios técnicos, capítulos de livro e documentos em geral. Depois de uma certa quantidade, pode ser difícil lembrar dos artigos que já leu para poder citá-los quando desejado. Sugere-se, então, o uso de alguma ferramenta de gerenciamento de bibliografia.

Pessoalmente, eu uso e recomendo o Mendeley. Fazendo seu cadastro, você pode usar o Mendeley via Web diretamente ou instalar o Mendeley Desktop, que permite que você gerencie sua biblioteca de artigos offline e sincronize com sua conta no site quando quiser.

Algumas funcionalidades interessantes da ferramenta: registra entradas bibliográficas (ex.: artigos), salva os PDFs na nuvem (sincronizando em diferentes dispositivos), categorização por tipo (ex.: artigo de conferência, de periódico, capítulo de livro, etc.), registro de informações bibliográficas (ex.: nome da conferência, ano, páginas, etc.), criação e atribuição de tags, busca (por autor, por tag, por conferência, texto livre), integração com Word e Writer para criação da seção de referências, exportação das referências em diversos formatos, inclusive BibTeX.

Quando escrevo artigos e outros documentos em LaTeX, eu geralmente uso um arquivo BibTeX único onde mantenho toda a minha bibliografia. Este arquivo eu gero a partir do Mendeley, fazendo uma limpeza nele usando um script que implementei em Java. Em meu blog publiquei em detalhes como usar o Mendeley e o BibTeX para gerenciar sua bibliografia. Sugiro a leitura e o uso dessas ferramentas como descrito.

Nunca deixe nada para a última hora!

Lembre-se que eu possuo várias outras responsabilidades: outros alunos orientados, dar aulas (e outras atividades didáticas), participar de comitês de programa, organizar eventos, escrever artigos, realizar outras pesquisas, cumprir meus próprios prazos, questões burocráticas e, além de tudo, também preciso de férias…

Portanto, sempre que me mandar material para revisão, planeje-se para aguardar até 15 dias para obter retorno. Quando possível, retornarei mais rapidamente, mas dependendo do tamanho da fila de pendências, seu trabalho pode demorar um pouco a ser revisado. Não adianta enviar material para revisão do orientador dizendo que o prazo para entrega é o dia seguinte, pois com certeza eu já tenho várias outras tarefas na fila e não é justo que um aluno que não se planejou adequadamente passe na frente de outros.

Analogamente, caso você atrase o desenvolvimento do seu trabalho e, algum tempo depois, decida acelerar o ritmo para compensar o atraso, não espere que eu possa/queira acelerar o meu ritmo para poder te acompanhar. Não espere, por exemplo, que dê pra aumentar a frequência de reuniões, ou que eu responda e-mails mais rapidamente, ou ainda que eu trabalhe durante finais de semana, feriado ou férias.

Com relação a férias, aliás, é esperado que eu esteja de férias durante 30 dias no início do ano (durante o recesso de verão) e outros 15 dias no meio do ano (durante o recesso de inverno). Não espere que eu responda e-mails de trabalho durante esses períodos.

Entenda o perfil do seu orientador

Como você já pôde perceber (por convivência comigo ou simplesmente por ler essa página), eu sou uma pessoa muito organizada e sistemática, valorizo muito a pontualidade, defendo a conformidade com as regras — não gosto de dar “jeitinho brasileiro” em nada e acho que as coisas deveriam funcionar na prática como estão no papel — e gosto do meu trabalho.

Entender esse meu perfil e agir de forma compatível vai te ajudar bastante enquanto você for meu orientado. Alunos desorganizados; que estão constantemente atrasados ou procrastinando; que aparentam não estarem interessados no trabalho; que rotineiramente produzem material de baixa qualidade; e/ou acham que as coisas no final podem ser resolvidas no “jeitinho” naturalmente serão considerados com menor prioridade dentre meu conjunto de alunos.

Nessa relação orientador-orientado, é pouco provável que eu mude o meu jeito para adequá-lo a cada um dos meus alunos. Portanto cabe a você, aluno, adequar-se se quiser percorrer uma estrada com menos obstáculos no caminho.