COMPUTAÇÃO E SOCIEDADE

IGUALDADE

 

            Seria a igualdade realmente utópica?

 

            Ao observar a atual realidade brasileira, ser-se-ia tentado a responder positivamente a essa pergunta, entretanto atingir igualdade não é tão impossível quanto se parece. Para isso é necessário entender o verdadeiro sentido “do ser igual”, que não se aplica a características físicas e comportamentais idênticas, mas sim aos mesmos direitos, deveres e oportunidades. Entretanto para atingir a igualdade social é necessário combater as barbáries que ocorrem  na sociedade, uma vez que injustiça, ganância, fraude e falta de escrúpulos “elevam” pessoas em detrimento de outras, enriquecem uns enquanto jogam outros na miséria.

Ao observar superficialmente a situação da sociedade brasileira, poder-se-ia pensar que um país com tamanhas riquezas naturais e elevado PIB não seria afetado pela desigualdade social, o fragmento da crônica “Na média, ou Bill Gates no Restaurante”de Luiz Fernando Veríssimo ilustra bem essa situação.

 

Meu saldo bancário junto com o do Antônio Ermírio de Morais seria um dos mais altos do Brasil. O fato de o Antônio Ermírio ser responsável por 98,2 por cento do saldo não afetaria a exatidão da frase. Se eu estivesse num restaurante com outras quinze pessoas e o Bill Gates chegasse para jantar, a renda média dos presentes — a soma da renda de cada um dividida por dezessete — se multiplicaria automaticamente e eu estaria matematicamente rico, pelo menos até o Bill Gates ir embora

De certa maneira, o fator Bill Gates no restaurante, ou o raciocínio pela média ilusória, é o que tem mantido a paz social no Brasil. Entre os grandes produtores rurais que nunca produziram e ganharam tanto, e as hordas de despossuídos no campo, na média estão todos bem. Entre os bancos que nunca lucraram tanto e o comércio e a indústria que penam, na média todos progridem. Entre a décima economia do mundo e a pior distribuição de renda do mundo, na média não está tão ruim assim. Entre os poucos que vivem a doce vida brasileira e os milhões que padecem da nossa desigualdade histórica, na média somos felizes. Entre uma Bélgica e uma Botsuana, na média somos, sei lá... um Brasil. E Antônio Ermírio e eu, na média, não temos do que nos queixar.

 

 Como o texto mostra, o famoso jargão “poucos com tanto, e muitos com tão pouco” é uma excelente definição da falta de igualdade social. Para mudar essa situação é necessário identificar as causas da mesma.

 

Causas da desigualdade social.

 

Certamente os motivos da desigualdade não surgiram a poucos anos, eles vêm desde a ocupação e colonização européia no Brasil. O território brasileiro sofreu uma colonização de exploração, ou seja, sua única serventia eram as extrações sem limites dos bens naturais movidas pela ganância dos colonizadores que tinham como mão-de-obra os índios que já eram tratados com diferença, considerados os “escravos nativos”. Com o passar dos anos a mão-de-obra escrava foi renovada pelos negros, mantendo os sentimentos de inferioridade e desigualdade racial que, infelizmente, está presente ainda hoje.Após o fim legal da escravidão, intensificou-se o trabalho assalariado, entretanto esse trabalho era realizado para já ricos acostumados com a exploração e desrespeito ao trabalhador, que pagavam salários miseráveis e enriqueciam cada vez mais mantendo as diferenças aquisitivas e sociais.

Outra causa da desigualdade, mais atual, está no constante avanço da tecnologia e informática desacompanhado de responsabilidades sociais, que desemprega vários trabalhadores. Além disso o desenvolvimento da nação, muitas vezes financiado pelo capital externo, aumenta as dívidas internacionais e conseqüentemente exige que mais capital seja reservado para pagá-las, de forma que a maioria das vezes esse capital seria destinado às áreas da saúde, educação e bem estar social essenciais para estabelecimento da igualdade. Sem contar que o capital restante a essas áreas está sujeito a mais desvios mediante a corrupção.

Talvez uma das maiores causas do aumento da desigualdade seja a falta de conscientização da população que acostumada as situações miseráveis do dia-dia não se posiciona, esquecendo que ela é a única capaz de modificar essa situação. Enquanto a população não se conscientiza a desigualdade aumenta e com isso suas amargas conseqüências.

 

Conseqüências da falta de igualdade.

 

Se a desigualdade atinge diretamente a maior parte da população brasileira com a miséria, a fome e o desprego, indiretamente atinge toda a população com a violência, o tráfico e consumo de drogas, enfim toda criminalidade. O crime é o herdeiro direto da falta de igualdade. Da mesma forma que um criminoso sente-se desconsiderado pela sociedade que o põe à margem, ele a desconsidera ao apontar-lhe uma arma, roubando e matando. Quando isso ocorre ele (o criminoso) é o culpado, o problema é que só ele é considerado culpado. Não se procura a culpa em quem o pôs nessa situação. E a nova “safra de criminosos” está surgindo, nas crianças marginalizadas pela própria desigualdade social.

 

O que fazer para acabar com tudo isso? Quais são as soluções?

 

Para acabar com a desigualdade, como com qualquer outro problema, supõe-se que basta erradicar suas causas. Por exemplo:

 

·        Investir na educação das crianças e adolescentes para que possam possuir um melhor futuro.

 

·        Capacitar cidadãos desempregados para que possam ser mais competitivos no mercados de trabalho.

 

·        Incentivar a geração de empregos e fiscalizar o compromisso social das empresas.

 

·        Conscientizar os estudantes de hoje e futuros empresários de amanhã.

 

·        Reformar a estrutura tributária, para que se torne mais justa.

 

·        Combater a corrupção, para evitar que verba seja desviada.

 

·        Negociar a dívida externa e não adquirir mais dívidas.

 

·        Criar ONGs para auxiliar o governo no combate a desigualdade.

 

Essas são medidas imprescindíveis, entretanto não são suficientes, pois são medidas de solução a longo prazo e é necessário resolver problemas agora.

“Quem  tem fome, tem fome agora: não pode esperar.”(Presidente Lula).

 

Os doentes, desabrigados, menores abandonados precisam de auxílio imediato, que deve ser dado pelo governo e principalmente pela população, afinal para atingir a igualdade deve ser acima de tudo solidário. Portanto para acabar com a desigualdade deve-se associar as medidas de longo prazo com as medidas imediatas.

 

O que cada um pode fazer?

 

            A cada um cabe, principalmente, exigir do governo que sejam tomadas as medidas de longo prazo e se conscientizar para adotar as medidas imediatas. A conscientização é o primeiro passo para resolver o problema. Também é importante se reunir e organizar, para discutir ações e pô-las em prática.

 

A informática pode ajudar e muito.

 

              A informática também tem o seu papel no processo de estabelecimento da igualdade não só pelas facilidades de criação e divulgação de idéias (através da internet) como principalmente a possibilidade de emprego, visto que é uma das áreas mais promissoras do mercado. Todavia nem todos têm acesso ao computador, ou melhor, pouquíssimos tem acesso, por isso faz necessário popularizar a informática. Uma ONG com esse intuito é o CDI – Comitê de Democratização da Informática – que tenta instruir e possibilitar acesso à informática à parcela mais carente da população capixaba promovendo dessa forma cultura e capacitação profissional.   

 

Autores: Patrick Barbosa da Silva – trickbarbosa@hotmail.com e Rodrigo Ferri Souto – emaildotico@ig.com.br